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Barcelona retira distinção da irmã do rei da Espanha, julgada por fraude

A medalha de ouro, principal distinção da cidade, foi entregue à infanta Cristina de Borbón em 1997

Agência France-Presse
postado em 01/04/2016 10:24

Barcelona, Espanha - A prefeitura de Barcelona, a segunda maior cidade espanhola, aprovou nesta sexta-feira a retirada da medalha de ouro concedida há dois anos à infanta Cristina de Borbón, irmã do rei Felipe VI e que é julgada por suposta fraude fiscal.

[SAIBAMAIS]A decisão, que começou a tramitar em janeiro, com o início do julgamento contra Cristina de Borbón e seu marido Iñaki Urdangarin, principal suspeito de uma trama de corrupção com outros 15 acusados, foi aprovada por unanimidade na plenária municipal. "A honra não se leva no sangue, é algo que se deve conquistar. E não se ganha por sobrenomes, poder ou dinheiro, se conquista com esforço, trabalho e honestidade", enfatizou Gerardo Pisarello, vice da prefeita Ada Colau, uma das figuras de maior destaque da esquerda alternativa da Espanha.

"O indiciamento e todas as suspeitas que recaem sobre ela e sua família fazem com que esta revogação esteja plenamente justificada. Esta pessoa representa valores contrários aos que a medalha de ouro de Barcelona inspira", disse Alfred Bosch, líder do partido independentista ERC, que promoveu a moção. A medalha de ouro, principal distinção da cidade, foi entregue à infanta Cristina de Borbón em 1997, pouco antes de seu casamento com o ex-jogador de handebol Iñaki Urdangarin e do casal, então considerado exemplar e moderno, ter optado por morar em Barcelona.

Agora os dois estão sendo julgados em um grande escândalo de corrupção centrado na fundação Nóos, presidida por Urdangarin, que é suspeita de ter desviado seis milhões de euros de recursos públicos entre 2004 e 2006. O julgamento começou em janeiro e envolve 17 acusados, incluindo a infanta Cristina, por dois delitos fiscais, e seu marido, acusado de prevaricação, fraude, delito fiscal, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, que podem render uma pena de até 19 anos e meio de prisão.

O escândalo explodiu em 2011 e abalou a imagem da Casa Real, sendo uma das causas da abdicação do rei Juan Carlos I em favor do filho Felipe em junho de 2014. Um ano depois, o novo monarca, que se compromete a tornara instituição mais transparente e moderna, retirou da irmã o título de duquesa de Palma.

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