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Obama confirma morte de líder talibã em ataque de drones dos EUA

"Eliminamos o líder de uma organização que continua conspirando e atentando contra americanos e contra as forças da coalizão, fazendo a guerra contra o povo afegão e alinhada com grupos extremistas como Al-Qaeda", afirma Obama em um comunicado

Agência France-Presse
postado em 23/05/2016 14:19

O presidente americano, Barack Obama, confirmou nesta segunda-feira a morte, em um bombardeio de drones americanos, do mulá Mansur e afirmou que o óbito do líder talibã poderia facilitar as negociações de paz no Afeganistão.

"Eliminamos o líder de uma organização que continua conspirando e atentando contra americanos e contra as forças da coalizão, fazendo a guerra contra o povo afegão e alinhada com grupos extremistas como Al-Qaeda", afirma Obama em um comunicado, em referência ao bombardeio executado no sábado por drones americanos no território do Paquistão.

O Pentágono justificou o ataque afirmando que o líder dos talibãs representava uma "ameaça iminente" para as forças da Otan".

Fontes talibãs confirmaram no domingo a morte do mulá Akhtar Mansur e indicaram que os insurgentes islamitas já haviam iniciado uma "shura" (conselho) para escolher o sucessor.

A reunião, iniciada no domingo à noite, prosseguia nesta segunda em um local secreto devido às ameaças que pesam sobre seus membros. Não há informações sobre quando a decisão será tomada.

Segundo fontes talibãs, o jovem mulá Yacub, filho do mulá Omar, é o favorito para liderar o movimento, seguido pelo ex-braço direito do mulá Mansur, Sirajudin Haqani.

Yacub poderia se tornar o chefe e Haqani o cérebro do movimento, segundo as mesmas fontes.

O mulá Mansur liderava a insurreição islâmica desde julho de 2015, após o anúncio da morte de seu predecessor, o misterioso mulá Omar.

Considerado inicialmente como favorável às negociações de paz com o governo afegão, o mulá Mansur, uma vez convertido em líder dos talibãs, recusou-se a sentar na mesa de negociações.

Obama disse nesta segunda que Mansur era contrário a um "compromisso sério de negociações de paz" e a acabar com a violência que já matou afegãos inocentes, homens, mulheres e crianças.

O presidente americano, que iniciou uma visita de três dias ao Vietnã, pediu aos talibãs que "aproveitem a oportunidade para iniciar o processo de reconciliação com o governo afegão, como único caminho real para acabar com o conflito".

Sua morte é "um passo importante em nossos esforços (...) para trazer a paz e a prosperidade para o Afeganistão", acrescentou Obama.

Desde janeiro, Afeganistão, China, Estados Unidos e Paquistão realizaram várias reuniões para incentivar, em vão, o Talibã a sentar-se à mesa das negociações.

Na quarta-feira passada, o Paquistão organizou uma nova rodada de negociações internacionais, que terminou sem nenhum progresso visível.

Consequências incertas

O ataque com drones no sábado que matou chefe talibã parece a incursão americana mais importante no espaço aéreo paquistanês desde o realizado contra o líder histórico da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, em 2011.

Os analistas parecem divididos sobre o seu impacto nas negociações de paz no Afeganistão. Alguns consideram que uma facção mais favorável às negociações poderia emergir da "shura".

Outros, como o especialista paquistanês em assuntos de segurança, Imtiaz Gul, acreditam que o bombardeio é "um golpe" contra o processo de paz.

Além disso, as relações entre os Estados Unidos e o Paquistão estão em um momento muito delicado após o ataque sem precedentes na província de Baluchistão.

O Paquistão denunciou no domingo o ataque americano como uma "violação" da sua soberania. "Isso não deveria ter ocorrido", reagiu o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif.

Obama, ignorando essas críticas, disse nesta segunda que as forças americanas vão continuar intervindo em território paquistanês. "Vamos trabalhar em objetivos comuns com o Paquistão, onde devemos impedir que os terroristas que ameaçam nossos países encontrem refúgio", afirmou.

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