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Forças iraquianas fecham o cerco ao Estado Islâmico em Fallujah

Cerca de 165 mil pessoas estão ameaçadas por uma ação dos extremistas

Agência France-Presse
postado em 28/05/2016 17:56

As forças de elite iraquianas se deslocaram neste sábado (28/5) para os arredores de Fallujah, em poder do grupo Estado Islâmico (EI), enquanto dezenas de milhares de civis continuam presos na cidade a oeste do Iraque, que Bagdá tenta reconquistar.

Enquanto isso, na Síria, na província de Aleppo, próxima à fronteira turca, cerca de 165 mil pessoas deslocadas estão ameaçadas por uma ofensiva do grupo extremista, que, segundo a ONU, tem conseguido avançar e tomar o controle de localidades rebeldes.

Este avanço do EI ocorre num momento em que os extremistas são alvos, desde terça-feira, de uma ofensiva lançada pelas forças curdo-árabes apoiadas pelos Estados Unidos na província síria de Raqa, onde os civis também procuram locais seguros para se abrigar.

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Do outro lado da fronteira, no Iraque, dezenas de milhares de civis estão presos em Fallujah, controlada pelo EI, que as forças iraquianas, com o apoio aéreo dos Estados Unidos, buscam retomar desde segunda-feira.

Quase uma semana depois do início da ofensiva a Fallujah, a chegada de forças antiterroristas (CTS) marcam uma nova fase nos combates contra os jihadistas.

"As forças de elite do serviço antiterrorista, a polícia de Al Anbar e combatentes das tribos locais (...) chegaram aos campos de Tarek e Mazraa", ao sul e ao leste de Fallujah, disse à AFP Abdelwahab al Saadi, comandante da operação em Fallujah.

"Essas forças entrarão em Fallujah nas próximas horas para libertá-la do Daesh (acrônimo em árabe do EI)", assegurou.

Situação crítica para os civis

No Iraque, a situação em Fallujah "é cada dia mais crítica" para os civis, segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados, que informou que habitantes de "bairros inteiros foram deslocados para a mesma zona dos combates sem qualquer saída segura para escapar".

A ONU considera dramáticas as condições de cerca de 50.000 civis bloqueados nessa cidade a 50 km de Bagdá, sem comida, água potável e medicamentos.

Na Síria a situação dos civis também está no limite. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a ONG Human Rights Watch e os Médicos Sem Fronteiras, bem como a oposição e ativistas sírios, manifestaram preocupação, especialmente com os deslocados na região de Azaz, na província síria de Aleppo.

Os extremistas já atingiram os arredores de Marea, 30 km ao sudeste de Azaz, onde os violentos combates continuam, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

"Eles chegaram em tanques", informou à AFP Maamoun Khateeb, um opositor ao regime de Bashar al-Assad. Quinze mil pessoas ainda vivem na cidade.

"A situação nos campos de deslocados em Azaz é muito ruim. O sofrimento não terminará enquanto a fronteira com a Turquia permanecer fechada e os combates prosseguirem nas proximidades".

Tentar fugir

O ACNUR expressou preocupação com "os milhares de civis vulneráveis afetados pelo conflito", mencionando os 165.000 deslocados de Azaz, e alertou sobre a situação às autoridades turcas, que se recusam há meses reabrir a fronteira, apontando seu direito a uma "passagem segura".

No quinto dia da ofensiva lançada pelas Forças Democráticas da Síria (FDS) para expulsar o EI da província de Raqa, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos realizou uma série de ataques a posições jihadistas, de acordo com o OSDH, que informou que 45 jihadistas morreram desde terça-feira.

As FDS, de acordo com OSDH, tomaram algumas aldeias, mas não marcaram "avanço estratégico" frente ao EI, grupo responsável por atrocidades terríveis nas áreas sob seu controle na Síria e no Iraque.

Nas áreas sob o seu controle na província de Raqa, o EI proíbe os civis de sair, e desde a última ofensiva reforçou essas restrições. Mas os civis tentaram fugir pelo deserto, pagando atravessadores.

Ante o apoio americano às forças curdas no norte da Síria, a Turquia voltou a criticar este apoio aos combatentes que considera "terroristas". O presidente Recep Tayyip Erdogan também acusou os Estados Unidos de hipocrisia.

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