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Austrália investiga ministro do Vaticano por acusações de pedofilia

George Pell, de 75 anos, deu seu testemunho por videoconferência a partir de Roma ante uma comissão pública de investigação australiana

Agência France-Presse
postado em 28/07/2016 11:01
Sydney, Austrália - O cardeal George Pell, responsável pelas finanças do Vaticano e máximo representante da igreja católica na Austrália, está sendo investigado pela polícia por denúncias de abusos sexuais contra crianças.

A polícia indicou que ainda não foi decidido se serão apresentadas acusações formais. "É um caso que estamos investigando", disse o delegado principal da polícia do estado de Victoria (sudeste), Graham Ashton, confirmando as explosivas revelações de quarta-feira da rede de televisão australiana ABC.

Há apenas alguns meses, George Pell, de 75 anos, deu seu testemunho por videoconferência a partir de Roma ante uma comissão pública de investigação australiana. Esta comissão investigava como a igreja australiana reagiu diante das acusações de pedofilia contra sacerdotes, em sua maioria fatos supostamente ocorridos na década de 1970.

[SAIBAMAIS]George Pell disse que não estava ciente destas acusações, mas reconheceu que a igreja católica viveu um período "de crimes e dissimulações". Entre as ações contra Pell figuram os testemunhos de dois homens, atualmente com 40 anos, que afirmam ter sido vítimas de assédio por parte do cardeal no verão de 1978-78 na cidade de Ballarat. Segundo outro testemunho, Pell teria ficado nu diante de três crianças de 8 a 10 anos no vestiário de um clube de surf no verão de 1986-87.

A rede ABC disse ter oito documentos policiais com os relatos de denunciantes, testemunhas e familiares sobre as acusações contra o cardeal Pell, nomeado em 2014 pelo papa Francisco como secretário de economia da Santa Sé. O delegado Ashton disse que transmitiu o caso ao Ministério Público, que decidirá se serão apresentadas acusações.



Um "bom homem"
"Até o momento, estamos esperando uma resposta", disse Ashton à rádio 3AW de Melbourne. O cardeal ainda não foi interrogado, mas a polícia não exclui enviar investigadores a Roma para fazê-lo.

O cardeal negou todas as acusações e deu a entender que era vítima de uma conspiração. "Desmente categoricamente todas as acusações", disse seu gabinete em um comunicado. Estas acusações não são "mais que uma campanha de difamação escandalosa, que parece ser orquestrada pela ABC".

A hierarquia católica australiana disse que o cardeal Pell tem direito à presunção de inocência. "Os julgamentos midiáticos não são bons para ninguém", ressaltou o arcebispo de Sydney, Anthony Fisher. "As acusações da ABC não correspondem ao homem que conheço nem ao comportamento que vi durante 55 anos", declarou o arcebispo de Melbourne, Denis Hart, que disse que Pell é um "bom homem".

A comissão australiana começou a investigar em 2013 acusações de pedofilia na igreja, escolas, orfanatos, associações de jovens e no exército, após mais de uma década de pressões.

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