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Trump diz que foi 'sarcástico' ao pedir para Rússia hackear Hillary

O escândalo com os e-mails do comitê democrata provocou a renúncia da presidente do partido, a legisladora Debbie Wasserman Schultz, e inflamou as tensões internas na Convenção Nacional do partido na Filadélfia

Agência France-Presse
postado em 28/07/2016 13:01

O escândalo com os e-mails do comitê democrata provocou a renúncia da presidente do partido, a legisladora Debbie Wasserman Schultz, e inflamou as tensões internas na Convenção Nacional do partido na Filadélfia

Nova York, Estados Unidos - O candidato presidencial republicano Donald Trump tentou nesta quinta-feira acalmar a onda de indignação que ele causou nos Estados Unidos ao sugerir que a Rússia deveria hackear os e-mails de sua adversária democrata Hillary Clinton alegando que havia sido "sarcástico".

"É claro que estou sendo sarcástico", declarou o magnata à rede Fox News, um dia depois de ter lançado seu desafio a Moscou em uma coletiva de imprensa.

Trump, que agora como candidato republicano poderá receber seu primeiro relatório reservado de inteligência, sugeriu à Rússia que ajude a encontrar e-mails que foram apagados dos servidores que Hillary usou quando era secretária de Estado. "Rússia, se estiver escutando isso, espero que seja capaz de encontrar os 30.000 e-mails que estão faltando", disse Trump, acrescentando que isso valeria uma "generosa recompensa da imprensa".

A equipe de campanha da candidata democrata condenou imediatamente a sugestão de Trump ao estimular a Rússia a espionar os e-mails da ex-secretária de Estado, considerando que se trata de uma "questão de segurança nacional". "Deve ser a primeira vez que um candidato à presidência efetivamente incita uma potência estrangeira a fazer espionagem contra seu adversário político", disse Jack Sullivan, assessor de Hillary na campanha eleitoral. O caso, acrescentou, "passou de um assunto curioso para uma questão política, uma questão de segurança nacional".



[SAIBAMAIS]O FBI (a polícia federal americana) chegou neste mês à conclusão de que Hillary e sua equipe foram "extremamente descuidados" no trato de material sigiloso em seus servidores privados de e-mail, mas não recomendou a apresentação de denúncias formais contra ela. Para os republicanos, o desaparecimento desses e-mails é fortemente suspeito.

A acusação de Trump de fomentar a espionagem por outro país ocorre em um momento em que as autoridades suspeitam que a Rússia tenha sido responsável pela invasão dos servidores de e-mail do Comitê Nacional do Partido Democrata, e a divulgação pública de 20 mil mensagens. A equipe de Hillary acredita que a Rússia tenha passado esses e-mails para o WikiLeaks, que divulgou o conteúdo na semana passada, para gerar uma crise entre Hillary e seu adversário na disputa interna do partido, o senador Bernie Sanders.

"Francamente, eles não sabem se foi a Rússia, não têm nem ideia se foi a Rússia, se foi a China, se foram outros", disse Trump à Fox. "O verdadeiro problema é o que está dito nos correios eletrônicos do Comitê Nacional Democrata", acrescentou. "O que disseram nos e-mails é uma vergonha e eles só estão tentando desviar a atenção disso", disse ainda.

O escândalo com os e-mails do comitê democrata provocou a renúncia da presidente do partido, a legisladora Debbie Wasserman Schultz, e inflamou as tensões internas na Convenção Nacional do partido na Filadélfia. O ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, outra controvertida figura da vida política americana, saiu em defesa de Trump. "Ele estava brincando", declarou à CNN.

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