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Partido de Putin conquista ampla vitória nas eleições legislativas

Em segundo e terceiro lugares, com pequena diferença, aparecem o Partido Liberal Democrata (LDPR, ultra-direita) com 13,3% dos votos e o Partido Comunista com 13,5%

Agência France-Presse
postado em 19/09/2016 08:48
Moscow, Rússia - O partido no poder Rússia Unida obteve uma ampla maioria na Duma (Câmara Baixa do Parlamento) após as eleições legislativas de domingo, resultado celebrado pelo o presidente Vladimir Putin, que pode planejar com tranquilidade a candidatura ao quarto mandato em 2018.

A participação baixa, de 47,8% de acordo com Comissão Eleitoral, contra 60% nas legislativas de dezembro de 2011, reflete, no entanto, o desinteresse dos russos pelas eleições, que consideravam já decididas de antemão. O partido de Putin conquistou a maioria absoluta com 54,3% dos votos, após a apuração de quase 90% das urnas, segundo a Comissão Eleitoral.

Mas a modalidade do escrutínio - metade proporcional e metade majoritário - acentuou o domínio dos candidatos do partido governista. De modo que segundo as projeções realizadas com apuração parcial, Rússia Unida poderá obter 338 das 450 cadeiras da Duma, contra 238 atualmente. Com mais de dois terços dos deputados, o Kremlin exerceria um controle sem precedentes na Duma e poderia impôr revisões constitucionais com mais facilidade.

Em segundo e terceiro lugares, com pequena diferença, aparecem o Partido Liberal Democrata (LDPR, ultra-direita) com 13,3% dos votos e o Partido Comunista com 13,5%. O partido nacionalista do popular Vladimir Jirinovski ganha três pontos em relação a 2011 e os comunistas perdem mais cinco. Ambos os partidos costumam votar com o Rússia Unida. O partido pró-Kremlin Rússia Justa aparece com 6,2% dos votos e terá representação na Duma.

Os opositores liberais do Parnas não passam de um simbólico 0,66% após uma campanha em que [SAIBAMAIS]foram ignorados pela imprensa estatal. O partido opositor social-democrata Iabloko não conseguiu uma única vaga na Duma. "Podemos dizer claramente que nosso partido ganhou", declarou à televisão o primeiro-ministro Dmitri Medvedev, que lidera a lista da Rússia Unida, que em 2011 somou 49%.

Putin celebrou o "bom resultado", apesar de ressalvar que a participação "não foi a mais elevada, mas sim importante". Para o chefe de Estado, a votação era importante por ser a última consulta nacional antes das eleições presidenciais de 2018. Muitos consideram que Putin vai disputar um quarto mandato. Nas duas principais cidades do país, Moscou e São Petersburgo, a participação foi ainda menor que no restante do país.

"Em várias regiões, a participação não foi muito elevada já que os cidadãos não foram informados sobre onde estava seu centro de votação", explicou a delegada do Kremlin para os temas de Direitos Humanos, Tatiana Moskalkova. Mas ao contrário do que aconteceu nas legislativas de setembro de 2011, denunciadas como fraudulentas por centenas de milhares de manifestantes que saíram às ruas para protestar, desta vez o Kremlin quis dar mais mais transparência ao processo.


- Primeira eleição na Crimeia -
As eleições acontecem em meio a uma profunda crise econômica na Rússia, provocada pela queda dos preços do petróleo e pelas sanções ocidentais impostas pelo conflito na Ucrânia. Trata-se do período de recessão mais longo desde a chegada de Putin ao poder em 1999. O contexto político também é excepcional, já que são as primeiras eleições em escala nacional desde a anexação da península da Crimeia, em 2014, e do início do conflito no leste separatista da Ucrânia.



Nessa região, os habitantes participam pela primeira vez das eleições russas. "Eu fui fui votar e todos os meus familiares e vizinhos também. Estamos com a Rússia", declarou Valentina, uma aposentada da península, enquanto que os representantes da comunidade tártara da Crimeia, minoria muçulmana oposta à anexação, pediram o boicote dos comícios.

Além das legislativas (com mais de 6.500 candidatos de 14 partidos que lutam por 450 cadeiras Duma Estatal), os eleitores também foram convocados a votar em governadores regionais, como no caso do presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, que pela primeira vez enfrenta as urnas desde que o Kremlin o nomeou em 2007.

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