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Papa denuncia 'silêncio ensurdecedor da indiferença' ante vítimas de guerra

A peregrinação a Assis, a 130 quilômetros de Roma, durará poucas horas e conta com a presença de hebreus, muçulmanos, budistas, além de cristãos de diferentes igrejas

Agência France-Presse
postado em 20/09/2016 13:44
Cidade do Vaticano, Santa Sé - O papa Francisco denunciou "o silêncio ensurdecedor da indiferença" ante as vítimas das guerras, durante uma oração pela paz nesta terça-feira em Assis, centro da Itália. "Imploram pela paz as vítimas das guerras, que contaminam os povoados com o ódio e a Terra com as armas, imploram pela paz nossos irmãos e irmãs que vivem sob a ameaça dos bombardeios ou que são obrigados a deixar sua casa e a emigrar ao desconhecido, despojados de tudo", clamou o Papa, que participa no dia de Assis pela paz junto a líderes de diferentes religiões de todo o mundo.

O Papa permanecerá apenas um dia na cidade do chamado santo dos pobres (São Francisco), durante o qual refugiados de guerras de vários países apresentarão seu testemunho do que é passar por um bombardeio ou saques. "Nos assustamos com alguns atos terroristas, mas isso não é nada comparado com o que ocorre nestes países em que dia e noite caem bombas, assassinam crianças, idosos, homens e mulheres", disse indignado o Papa pouco antes de partir a Assis, para o que chamou de dia "do pranto pela paz".

A peregrinação a Assis, a 130 quilômetros de Roma, durará poucas horas e conta com a presença de hebreus, muçulmanos, budistas, além de cristãos de diferentes igrejas. O dia pela paz, organizado no [SAIBAMAIS]âmbito do encontro internacional intitulado "sede de paz", não pede apenas o fim das guerras, mas também que a fé não seja utilizada como arma para gerar conflitos. "O Islã é a (religião) mais afetada pelo terrorismo", comentou à AFP o imã Abdelfattah Mourou, vice-presidente do Parlamento tunisiano, que estava entre os presentes.

"Estar unidos é a resposta ao terrorismo que quer dividir. Porque o terrorismo quer desestabilizar nossas vidas, quer levar violência a nossa sociedade", explicou Marco Impagliazzo, presidente do grupo católico Comunidade de São Egídio, organizador do evento. "Há muita sede de paz, pedem os pobres, as vítimas do terrorismo e das guerras em muitos países do mundo. Queremos ser sua voz", afirmou.

- Um apelo ecumênico pela paz -
Os líderes das grandes religiões mundiais se reunirão posteriormente na praça de São Francisco para fazer um apelo conjunto com o papa Francisco pela paz. O apelo à paz será entregue a crianças de vários países e será mantido um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.



O pontífice argentino, que em agosto deste ano visitou Assis por ocasião dos 800 anos do chamado "Perdão de Assis", retornou pela terceira vez à cidade natal do santo italiano que inspira seu pontificado. Durante a visita também é comemorado o 30; aniversário dos encontros de Assis, inaugurados em 1986 pelo papa João Paulo II e nos quais participam movimentos e associações eclesiásticas, assim como entidades civis.

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