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Prêmio Nobel já apoiou outros processos de paz frágeis

Honraria foi concedida nesta sexta-feira (7/10) ao presidente colombiano Juan Manuel Santos

Agência France-Presse
postado em 07/10/2016 16:45

O Prêmio Nobel da Paz concedido nesta sexta-feira (7/10) ao presidente colombiano Juan Manuel Santos já serviu no passado para apoiar outros processos de paz frágeis, nem sempre com êxito.

1973: a saída do Vietnã
O prêmio foi dado ao secretário de Estado americano, Henry Kissinger, e ao chefe do Partido Comunista do Vietnã do Norte, Le Duc Tho, que concluíram meses antes os acordos de paz de Paris entre os Estados Unidos e o país asiático.

Este pacto poria fim à presença americana no Vietnã, mas não ao confronto.

Le Duc Tho rejeitou o prêmio e Kissinger tentou em vão devolver sua medalha, o que levou à renúncia de dois membros do Comitê Nobel.

Aproveitando a retirada americana, o Vietnã do Norte intensificou sua ofensiva até a vitória final de 1975, que implicou a queda do regime pró-Washington de Saigon, em abril de 1975.

[SAIBAMAIS]1978: depois de Camp David
O presidente egípcio Anuar al Sadat e o primeiro-ministro israelense Menahem Begin, signatários dos acordos de Camp David em setembro de 1978, que resultaram em um tratado de paz entre os dois países, foram reconhecidos pelo Comitê Nobel por "quebrar o gelo que separava seus dois povos", depois de 30 anos de guerra.

Sadat, que realizou uma visita histórica a Jerusalém, em novembro de 1977, se converteu em 1979 no primeiro chefe de Estado árabe a assinar a paz com Israel.

Sua decisão de terminar com o conflito custou-lhe a vida: em 1981 foi assassinado por um opositor.

1993: o fim do apartheid

O herói da luta contra o regime racista da África do Sul, Nelson Mandela, recebeu o Nobel da Paz conjuntamente com Frederik de Klerk, ex-carcereiro de "Madiba", por seus esforços de reconciliação depois de décadas de apartheid e por terem colocado a África do Sul no caminho de uma democracia multirracial.

Em fevereiro de 1990, o presidente Frederik de Klerk autorizou a libertação de Mandela, que estava há 27 anos preso.

Depois desse decreto e depois da abolição do apartheid, foi permita a realização das primeiras eleições multirraciais no país, vencidas por Mandela, que virou presidente em 1994.

1994: Depois dos Acordos de Oslo
O chefe da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Arafat, o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, e seu ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, foram recompensados "por seus esforços para conseguir a paz no Oriente Médio".

Estes esforços se cristalizaram em setembro de 1993, com os Acordos de Oslo, que sentaram as bases de uma autonomia palestina e permitiram o histórico aperto de mão entre Arafat e Rabin.

A decisão do Comitê de premiar Arafat gerou uma grande polêmico e provocou a demissão de um de seus cinco membros.

Atualmente, em um momento em que já faleceram os três premiados daquele ano (Rabin assassinado em 1995 e Arafat e Peres falecidos em 2004 e 2016, respectivamente), as perspectivas de que se resolva o conflito entre israelenses e palestinos são cada vez mais sombrias.

1996: Timor Leste
O prêmio destacou os esforços de duas figuras a favor do reconhecimento da autodeterminação de Timor Leste, o bispo católico Carlos Filipe Ximenes Belo e o porta-voz da resistência local, José Ramos-Horta.

A guerra na antiga colônia portuguesa deixou cerca de 200.000 mortos em 24 anos de ocupação. Depois do referendo de autodeterminação de 1999, a ilha conseguiu sua independência em 2002.

O Nobel reconheceu um trabalho para uma resolução justa e pacífica do conflito.

1998: Paz no Ulster
Dois arquitetos da reconciliação na Irlanda do Norte, o protestante David Trimble, dirigente do Partido Unionista do Ulster, e o líder católico nacionalista John Hume, foram premiados com o Nobel da Paz em 1998 em reconhecimento por seus esforços para encontrar uma solução pacífica para 30 anos de um conflito que deixou cerca de 3.600 mortos. Meses antes, os governos britânico, irlandês e a maioria dos partidos norte-irlandeses assinaram os Acordos da Sexta-feira Santa depois de 21 meses de negociações.

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