Mundo

Com diálogo, Parlamento da Venezuela suspende julgamento contra Maduro

"Aprovado, concorda-se com adiar" os pontos da agenda desta terça (1º/11), anunciou o chefe da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup

Agência France-Presse
postado em 01/11/2016 18:05

Caracas, Venezuela- O Parlamento da Venezuela, de maioria opositora, suspendeu nesta terça-feira (1;) o julgamento sobre a responsabilidade política do presidente Nicolás Maduro na crise do país, assim como uma marcha em direção ao Palácio Presidencial, diante do início de um diálogo com o governo.

"Aprovado, concorda-se com adiar" os pontos da agenda desta terça, anunciou o chefe da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, ao explicar que não se trata de uma "capitulação" da oposição, mas da busca por uma solução para a crise.

Após a sessão legislativa, Ramos Allup também anunciou a suspensão de uma passeata convocada pela oposição para esta quinta-feira (3), a qual teria sua concentração final no Palácio Presidencial de Miraflores. Esse recuo foi decidido a pedido do Vaticano, que promove o início de um diálogo entre oposição e governo.

"Nos pediram que os eventos de marcha para quinta-feira sejam adiados. É sensato acatar", afirmou o parlamentar.

O líder da bancada opositora, Julio Borges, que apresentou a proposta de adiamento da Mesa de la Unidad Democrática (MUD), afirmou que eles esperam que o diálogo resulte no adiantamento das eleições presidenciais.

Segundo Borges, na instalação da mesa de diálogo, no domingo passado, a oposição apresentou também a proposta de que se liberte de opositores presos, que o Parlamento recupere "na plenitude" o seu poder e de nomeação de novas autoridades eleitorais, acusadas de servir ao governo e que suspenderam um referendo revogatório contra Maduro.


Acrescentou que a MUD propôs também ao Vaticano que "sejam estabelecidas urgentemente as medidas" para solucionar o desabastecimento de alimentos e remédios.

"Estamos dando ao Vaticano um voto de confiança, nós não acreditamos no governo. Todo o nosso esforço é feito em função de que nosso povo possa votar", manifestou Borges.

A MUD, que se dividiu ante o diálogo, visto que 16 dos seus partidos consideraram que não havia as condições para que este acontecesse, tomou a decisão unânime de adiar o julgamento.

"Fazemos votos de que este adiamento não seja eterno. Respeitamos e aceitamos a opinião da maioria dos nossos companheiros", afirmou no hemiciclo o deputado Freddy Guevara, do partido Voluntad Popular - fundado pelo encarcerado Leopoldo López -, que escolheu ficar à margem do diálogo.

Embora os deputados opositores o tenham qualificado como "julgamento político", essa figura não existe na Constituição, de modo que não se pode fazer um impeachment de Maduro, como ocorreu em agosto contra a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

"Não é suficiente adiar este ponto, que reconhecemos como uma decisão corajosa. Devem renunciar a qualquer via inconstitucional para resolver a crise", manifestou ao tomar a palavra o chefe da bancada do governo, Héctor Rodríguez.

A Justiça, acusada pela oposição de estar à mercê do governo, declarou o Parlamento em "desacato" e que suas decisões serão consideradas nulas.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação