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Entenda as reviravoltas na campanha presidencial norte-americana

Os emails de Hillary Clinton e as acusações de assédio sexual de Donald Trump

Agência France-Presse
postado em 02/11/2016 11:09
A campanha eleitoral para a presidência americana de 2016, mais amarga do que nunca, foi salpicada de reviravoltas espetaculares, alternando o moral dos partidários diametralmente opostos dos dois campos, e até mesmo alguns dias antes da eleição.

Os emails de Hillary Clinton

Hillary Clinton pensava que havia chegado ao fim o caso ligado ao uso de um servidor privado para o envio de emails quando era secretária de Estado (2009-2013). Mas, faltando 11 dias para a votação de 8 de novembro, o diretor do FBI, James Comey, surpreendeu a todos anunciado a descoberta de novos emails potencialmente "pertinentes" e a reabertura do caso.

As consequências desta nova revelação sobre a eleição são incertas.

Mas foi um verdadeiro presente para o candidato republicano Donald Trump, que afirma se tratara "do maior escândalo político desde Watergate", que provocou a renúncia do presidente Richard Nixon em 1974.

"O caso é vazio", afirmou na segunda-feira Hillary. "Eu não procuro dar desculpas, foi um erro e eu lamento".

Donald Trump, um vídeo exumado

Em 7 de outubro de 2005 um vídeo foi publicado pelo Washington Post. Nele, Trump faz declarações degradantes em relação as mulheres, chocando até mesmo o seu próprio campo, a ponto de importantes figuras do Partido Republicano retirarem sue apoio.

Falando a um apresentador de televisão após um programa, com os microfones ainda ligados, Trump diz sobre as mulheres: "Quando você é famoso, elas te deixam fazer tudo. Você pode agarrá-las pela buceta". Ele também se vangloria de ter beijado e tocado mulheres à força, um comportamento que pode ser considerado como assédio sexual.

Várias mulheres acusaram o candidato de atos que constituem agressão sexual.

"Vimos ele insultando mulheres, vimos ele dando nota às mulheres sobre a sua aparência, classificando de um a dez", criticou Hillary, durante o seu segundo debate em 9 de outubro.

"Foi piadas de vestiário, uma conversa privada há anos", defendeu-se Trump.

Mal estar da democrata

Hillary Clinton encurtou sua participação na comemoração em Nova York dos ataques terroristas de 11 de setembro. Sua equipe de campanha anunciou que ela havia passado mal depois de cerca de 1h30 sob um sol escaldante.

Mas um transeunte a filmou, de costas, à espera de seu carro, apoiada em uma pilastra. Na chegada do veículo, ela perde o equilíbrio e precisa ser apoiada por dois guarda-costas para caminhar os poucos metros que faltam. Suas pernas parecem desabar.

Várias horas depois, seu médico pessoal indicou que "ela sofre de uma tosse relacionada a uma alergia". Mas na sexta-feira (9 de setembro), após ser se consultada por esta tosse prolongada, uma pneumonia foi diagnosticada.

Esta doença surgiu num momento em que seu rival insiste que sua saúde é frágil e que falta energia para ser presidente.

Em um tom inesperadamente reservado, Trump disse esperar que "ela se recupere rapidamente. (...) Eu só espero que ela se sinta melhor e volte para a campanha".

Hillary Clinton denigre eleitores republicanos
Em uma noite de angariação de fundos em 9 de setembro, em Nova York, na frente das câmeras de televisão, a candidata disse: "Para generalizar grosseiramente, você pode colocar metade dos partidários de (Donald) Trump na caixa das pessoas lamentáveis".

Os republicanos repetiram essa palavra por dias a fim de atingir o eleitorado das classes trabalhadoras brancas.

"Uau, Hillary Clinton foi TÃO OFENSIVA em relação aos meus partidários, milhões de pessoas incríveis que trabalham duro. Eu acredito que isso vai lhe custas caro nas pesquisas", tuítou Donald Trump.

No dia seguinte, Hillary reconheceu que "na noite passada eu ;generalizou grosseiramente;, o que nunca é uma boa ideia. Eu lamento ter dito ;a metade;".

A memória de um soldado muçulmano morto no Iraque
Em um país onde os militares beneficiam de um enorme respeito, Donald Trump cometeu um sério erro ao atacar o pai do capitão do exército Humayun Khan, um muçulmano morto no Iraque em 2004 ao tentar salvar seus homens.

Khizr Khan, um americano naturalizado de origem paquistanesa, tinha feito um discurso comovente na convenção democrata, criticando o plano de Trump de proibir a entrada nos Estados Unidos de muçulmanos.

Em resposta, Trump considerou que foi injustamente atacado, insinuado que a esposa de Khan tinha permanecido em silêncio no palanque, uma vez que não tinha o direito de falar sendo uma mulher muçulmana, e afirmou que tinha feito muitos sacrifícios em sua vida. Este ataque aos pais de Khan provocou a ira da opinião pública, mesmo nas fileiras republicanas.

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