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Jovens do partido governista PSUV monta barracas em apoio a Nicolás Maduro

Número dois do chavismo, Diosdado Cabello desqualifica diálogo com a oposição, que faz novas exigências

Rodrigo Craveiro
postado em 04/11/2016 06:00

Com o rosto de Chávez estampado na camiseta, simpatizante de Maduro posa para foto, entre barracas montadas em Miraflores: lealdade ao governo


A julgar pela tensão das últimas horas, oposição e governo precisarão de paciência e de tolerância para salvar a nova etapa do diálogo, prevista para 11 de novembro. O ex-deputado Diosdado Cabello, número dois do chavismo, rejeitou a trégua proposta pela coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) e instigou os simpatizantes do regime bolivariano a tomarem as ruas ; eles atenderam à convocação e marcharam pela capital, Caracas. ;Hoje (ontem), a direita nos deu prazo de 10 dias. (;) Voltou a nos ameaçar. Falar com a oposição é falar com o nada, assim ninguém tem a palavra. Farei o que tiver que fazer para ajudar o companheiro Nicolás Maduro;, declarou o braço-direito do presidente, em seu programa semanal na emissora VTV. A MUD exigiu a formação de um nova diretoria do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) até dezembro e a reativação do referendo revogatório ou novas eleições presidenciais até março.

Por volta das 14h de quarta-feira (16h em Brasília), cerca de 2 mil integrantes da Juventude do Partido Socialista Unido da Venezuela (JPSUV) montaram um acampamento do lado de fora do Palácio de Miraflores. Mais apoiadores de Maduro marcharam até a sede do Executivo, ontem, em postura desafiadora. Jesús ;Chuo; Torrealba, secretário-executivo da MUD, garantiu que a oposição cumpre com o acordado. ;O governo, possivelmente, não honrará a palavra dada ao Vaticano;, lamentou o líder da fragmentada coalizão, da qual 16 dos 30 partidos decidiram não participar do diálogo.

Membro da Comissão de Agitação, Propaganda e Comunicação da JPSUV, o estudante Keyser Santamaria, 22 anos, visitou o local na noite de quarta-feira. Em entrevista ao Correio, ele contou que os acampamentos têm ocorrido para celebrar o oitavo aniversário da organização. ;O primeiro ocorreu na Isla de Margarita, onde participaram mais de 13 mil jovens. Foi quando decidimos realizar mobilizações semelhantes em todos os estados;, afirmou. ;O acampamento no Palácio de Miraflores se realiza em defesa da Pátria e em respaldo ao nosso presidente constitucional, Nicolás Maduro. Vale destacar que, neles, além da formação política, temos atividades desportivas, recreativas e culturais.;

Risco de fracasso

Cabello centrou fogo no Voluntad Popular, ausente da primeira rodada de diálogos, no último domingo, e acusou o partido de planejar a chamada ;Operação Troia; ; a suposta infiltração de pessoas vestidas de vermelho no Palácio de Miraflores. Para o advogado e especialista em direito constitucional Carlos Ramirez López, Cabello tem bloqueado as gestões de diálogo, mediadas pelo Vaticano. ;Parece-me que o diálogo não será levado a cabo. O governo tem feito de tudo para impedi-lo;, admitiu. Ele lembra que, apesar de a MUD ter adiado o julgamento de Maduro e a passeata rumo a Miraflores, o governo libertou apenas cinco de 120 presos políticos e acusou o Voluntad Popular de terrorismo. Ontem, Maduro fez um discurso de enfrentamento: ;Nem com votos, nem com balas, nem pelas boas e nem pelas más, nunca mais entrarão em Miraflores;.

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