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Polêmica colônia israelense põe Netanyahu no meio de tempestade política

O Tribunal Supremo rejeitou hoje uma solicitação do governo para adiar por vários meses a demolição da colônia de Amora, na Cisjordânia ocupada, e manteve o dia 25 de dezembro como data-limite

postado em 14/11/2016 18:28

Jerusalém, Undefined
- Uma polêmica colônia está se transformando em um quebra-cabeça difícil de resolver para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, depois de a Justiça se recusar nesta segunda-feira (14/11) a adiar sua demolição, enquanto parte de seu governo se rebelou para salvá-la.

O Tribunal Supremo rejeitou hoje uma solicitação do governo para adiar por vários meses a demolição da colônia de Amora, na Cisjordânia ocupada, e manteve o dia 25 de dezembro como data-limite.

Amona terá de desaparecer antes de 25 de dezembro de 2016, acrescentou a Corte, como já havia decretado em dezembro de 2014. Depois de vários informes, o tribunal reiterou ao governo que não poderia agir e que as decisões da Corte não eram "uma recomendação, ou uma opção".


Com quase 300 habitantes, Amona se transformou no centro de uma feroz batalha política e está pondo a coesão do governo à prova. Parte decidiu se opor ao primeiro-ministro para manter a colônia ali onde foi radicada, nos anos 1990.

O destino desse assentamento, situado perto de Ramallah, é acompanhado de perto pela comunidade internacional.

A comunidade internacional considera todas as colônias - isto é, as implantações civis israelenses nos territórios ocupados - como ilegais. Israel rechaça esta posição para a maioria de suas colônias, onde vivem 400.000 israelenses.

Amona é um dos chamados "assentamentos selvagens", porém, considerado ilegal até mesmo por Israel, segundo as leis que as autoridades israelenses aplicam na Cisjordânia.

Há meses, o forte lobby da colonização luta para salvar a polêmica colônia. Dentro do governo, os ministros do partido nacionalista e religioso Lar Judaico são os que lideram o combate.

Polêmico projeto de lei


No domingo (13), conseguiram o apoio de vários ministros do Likud, o partido de Netanyahu. Em comissão ministerial e contrariando as objeções do premiê, eles aprovaram um texto que legalizaria retroativamente milhares de unidades de alojamentos israelenses construídos - ilegalmente, para a Justiça israelense -, transformando-os em propriedades privadas palestinas em troca do pagamento de indenizações.

Para entrar em vigor, o texto deverá ser aprovado três vezes no Parlamento e, provavelmente, também no Tribunal Supremo.

Para parte da comunidade internacional, essa lei representaria cruzar a linha vermelha. Fomentada tanto pelos governos de direita quanto pelos de esquerda, a colonização é um grave obstáculo para se alcançar um acordo de paz, segundo a comunidade internacional.

Grande aliado de Israel, os Estados Unidos criticaram duramente o projeto de lei. Autoridades israelenses pensam, inclusive, em que o presidente Barack Obama poderia, nas últimas semanas de seu mandato, tomar a iniciativa de não vetar uma resolução na ONU contra a colonização.

Para os defensores da colonização, a eleição de Donald Trump é uma sorte para Israel, que poderia propor dar um fim à ideia de um Estado palestino independente.

Já os palestinos se opõem totalmente a esse projeto de lei e a outro que também foi adotado no domingo, o qual limitaria o volume dos chamados à oração muçulmana.

Essas medidas seriam uma "catástrofe" para a região, alertou o porta-voz da Presidência palestina, Nabil Abu Rudeina.

"A direção palestina vai se dirigir ao Conselho de Segurança da ONU e a todas as organizações internacionais para frear essas medidas israelenses", garantiu.

Por France Presse

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