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Dois aeroportos viram alvos das forças iraquianas perto de Mossul

As autoridades se concentram em assumir o controle de dois aeroportos, um em Tal Afar, a oeste, e o mais importante, o de Mossul, ao sul

postado em 17/11/2016 14:42

Mossul, Iraque - Um mês após o início de sua ofensiva, as forças iraquianas avançavam nesta quinta-feira para o sul e o oeste de Mossul, com o objetivo de isolar os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) da vizinha Síria.

As autoridades se concentram em assumir o controle de dois aeroportos, um em Tal Afar, a oeste, e o mais importante, o de Mossul, ao sul.

Forças paramilitares entraram no aeroporto de Tal Afar, 50 km a oeste de Mossul, onde combatiam nesta quinta-feira os últimos extremistas islâmicos no local.

O EI "escondeu bombas no aeroporto e as operações estão em andamento para limpar" a área, informaram as unidades do Hachd al-Chaabi (Mobilização Popular).

Esta coalizão pró-governo dominada por milícias xiitas apoiadas pelo Irã conduz a ofensiva a oeste de Mossul para recuperar Tall Afar a cortar as linhas de abastecimento com os territórios controlados pelo EI no leste da Síria.


As outras frentes da grande ofensiva lançada em 17 de outubro são principalmente ocupadas pelas forças do governo que avançam especialmente a partir do sul.

Um oficial das tropas de elite do ministério do Interior indicou nesta quinta-feira que esperava se aproximar a quatro quilômetros do aeroporto internacional de Mossul, localizado na periferia da segunda maior cidade do Iraque.

Este aeroporto não está mais em serviço desde a captura de Mossul pelo EI, que não tem aeronaves.

O progresso mais notável até agora foi realizado no leste, onde as forças recuperaram vários bairros de Mossul e avançavam para o centro e o rio Tigre, que atravessa a cidade.

Nos bairros da zona leste, os ataques com morteiros e explosões mataram nesta quinta-feira três crianças e feriram outros vinte, indicou à AFP um médico, Hossam al-Nouri, num hospital de campanha instalado na periferia.

"Nós estávamos nos preparando para o almoço quando um morteiro atingiu a casa", relata Hassan, que foi ferido com três de seus irmãos.

Deitado em um colchão, Hassan chama todos os cuidadores para perguntar sobre seu bebê Jassem, operado por ferimentos nos olhos.

"Eu não sei quem ainda está em casa", preocupa-se o pai com a voz entrecortada.

Os poucos milhares de extremistas presentes em Mossul e na região impõem forte resistência, realizando há um mês ataques com atiradores, carros-bomba ou explosivos.

No entanto, a sua estratégia de longo prazo permanece desconhecida. "Não sabemos se a luta atual está ocorrendo nos bairros mais fortificados e defendidos ou se é apenas o começo de confrontos ainda mais violentos na Cidade Velha", na margem ocidental do Tigre, indica Michael Knights, do Washington Institute for Near East Policy.

Mossul é o último reduto do EI no Iraque. Os extremistas perderam quase todas as localidades conquistadas em sua ofensiva lançada em 2014.

Para Knights, a resistência dos extremistas em Mossul "é mais forte" que aquela em seus antigos redutos de Tikrit (norte) e Fallujah (oeste), retomados respectivamente pelas forças iraquianas em março de 2015 e junho de 2016.

Os civis pagam um preço alto e a ONU teme um desastre humanitário de grandes proporções. Mossul é habitada por mais de um milhão de habitantes.

"As operações militares em áreas populosas dentro de Mossul são iminentes, as ONGs estão cada vez mais preocupadas quanto as possibilidades para as famílias de chegar a lugares seguros e obter ajuda", informou a ONU em um comunicado.

Cerca de 60.000 pessoas foram deslocadas desde 17 de outubro, de acordo com a ONU.

Além disso, a Human Rights Watch (HRW) indicou nesta quinta-feira que uma fossa comum foi descoberta recentemente na aldeia de Hamam al-Alil ao sul de Mossul e poderia conter centenas de corpos.

A maioria das vítimas seriam ex-membros das forças de segurança executados pelo EI nos primeiros dias da ofensiva em Mossul.

"Esta é uma nova evidência dos terríveis crimes em massa cometidos pelo EI", reagiu Joe Stork, vice-diretor para o Oriente Médio da HRW.

As forças iraquianas haviam inicialmente avaliado em cem o número de corpos decapitados descobertos nesta vala comum no início de novembro no terreno de uma escola agrícola.

Por France Presse

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