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Rebeldes sírios tentam resistir aos ataques no leste de Aleppo

Conflito no leste da cidade de Aleppo se estende por mais um dia de guerras

postado em 02/12/2016 10:18
Famílias sírias deixando a cidade de Aleppo. As tensões crescem a cada dia com os conflitos entre governo e rebeldes
Aleppo, Síria - Os rebeldes defendiam nesta sexta-feira com unhas e dentes um grande bairro do leste de Aleppo depois de violentos combates noturnos contra o exército de Bashar al-Assad, que reconquistou nos últimos dias cerca da metade do principal reduto insurgente na Síria.

Depois de sofrer com o intenso fogo do regime sírio e com o fulminante avanço de suas tropas, os rebeldes conseguiram expulsar durante a noite os soldados do bairro de Sheikh Said, no sul do leste de Aleppo, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

[SAIBAMAIS]Com o objetivo de controlar a totalidade de Aleppo, o regime lançou no dia 15 de novembro passado, com a ajuda de combatentes iranianos, libaneses do Hezbollah, iraquianos e palestinos, e com o apoio aéreo de seu aliado russo, uma brutal ofensiva para eliminar os rebeldes dos bairros do leste da cidade, cercados há quatro meses e privados de comida, medicamentos e eletricidade.

Segunda maior cidade da Síria e batalha chave do conflito devastador que deixou mais de 300.000 mortos em mais de cinco anos, Aleppo está dividida desde 2012 na parte oriental, controlada pelos rebeldes, e nos bairros do oeste, nas mãos do regime.

Apesar das críticas do Ocidente e dos apelos da ONU para uma trégua, o regime, com o apoio russo e iraniano, submete os bairros do leste a contínuos bombardeios, barris de explosivos e disparos de morteiros, que destruíram os bairros insurgentes e obrigaram 50.000 de seus 250 mil habitantes a fugir.

Segundo o OSDH, os combates seguiam sendo registrados na manhã desta sexta-feira no bairro de Sheikh Said entre o exército e seus aliados, por um lado, e os rebeldes e extremistas da Frente Fateh al Sham, vinculada à Al-Qaeda, do outro.

Embora há alguns dias o regime tenha conseguido tomar o controle de 70% deste bairro, os rebeldes conseguiram inverter a situação e agora são eles que dominam 70% da região, acrescentou esta ONG.

Foguetes contra Aleppo-Oeste

"O regime e seus aliados, que atacam Sheikh Said, querem tomar o controle deste bairro, cuja captura ameaçaria diretamente todos os bairros do sul no setor rebelde", advertiu Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

Perder este bairro "seria um duro golpe para os rebeldes, sobretudo depois da tomada de toda a parte setentrional do leste de Aleppo nestes últimos dias" por parte do regime, acrescentou.

"Mas os rebeldes opõem uma resistência feroz porque sabem que ficarão encurralados se Sheikh Said cair", concluiu.

Na véspera, o regime, que controla atualmente 40% de Aleppo Oriental, mobilizou centenas de soldados de elite nestes bairros, prevendo os múltiplos combates nas ruas nas zonas mais povoadas onde, segundo o OSDH, os combatentes se misturam aos habitantes.

Mais de 300 civis, entre eles dezenas de crianças, morreram no leste de Aleppo desde 15 de novembro, de acordo com o OSDH.

Cinquenta faleceram em Aleppo-Oeste por disparos rebeldes.

Nestes setores pró-governamentais, caíram novos foguetes rebeldes durante a noite, deixando mais feridos, segundo o OSDH e um jornalista da AFP.

Por outro lado, mais de 200 associações humanitárias e de defesa dos direitos humanos convocaram na quinta-feira a Assembleia Geral da ONU a abordar o mortífero conflito sírio, diante da paralisia do Conselho de Segurança nesta crise.

A Rússia, por sua vez, propôs a criação de quatro corredores humanitários até Aleppo-Oriental para evacuar feridos e civis, e poder enviar ajuda.

A Rússia não participa com bombardeios na atual ofensiva contra o leste de Aleppo, como fez em outras ocasiões, mas sua intervenção militar em apoio ao regime desde setembro de 2015 contribuiu de forma importante para enfraquecer as forças rebeldes.

Tomar o controle da totalidade de Aleppo representaria a maior vitória do regime desde o início da guerra, e reforçaria seus aliados russo, iraniano e o Hezbollah libanês.

Por France Presse

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