Mundo

Com Trump em mente, Obama faz balanço de sua política antiterrorista

O presidente que ordenou a bem-sucedida operação contra o chefe da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, em 2011, pretende, em primeiro lugar, ressaltar a complexidade da luta antiterrorista

postado em 06/12/2016 12:19
O discurso que também é uma mensagem ao seu sucessor, Donald Trump, que até agora se mostrou evasivo sobre sua estratégia, em particular diante do grupo Estado IslâmicoWashington, Estados Unidos - Barack Obama apresenta nesta terça-feira (6/12) pela última vez sua visão da luta antiterrorista no mundo, em um discurso que também é uma mensagem ao seu sucessor, Donald Trump, que até agora se mostrou evasivo sobre sua estratégia, em particular diante do grupo Estado Islâmico.

A partir da base aérea MacDill (Tampa, Flórida), sede do comando das forças especiais, mas também das forças no Oriente Médio (Centcom), o presidente americano exporá, a um mês e meio de sua partida, o balanço de seus dois mandatos, falando de temas como Afeganistão e Iraque, passando pela Síria.

[SAIBAMAIS]Lembrará sua vontade - contrariada - de fechar a prisão de Guantánamo e sua oposição à tortura, e abordará muitos temas sobre os quais as divergências com seu sucessor republicano emergiram de forma intensa durante a campanha eleitoral.

O presidente que ordenou a bem-sucedida operação contra o chefe da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, em 2011, pretende, em primeiro lugar, ressaltar a complexidade da luta antiterrorista, explicou seu assessor, Ben Rhodes.

"É algo que você só entende como presidente", explicou, fazendo referência à necessidade de analisar com precisão a ameaça, de ter sólidas relações com os aliados e inclusive de acompanhar a ação militar com opções diplomáticas claras no médio prazo.

Em particular, para Rhodes, é preciso ter sempre em mente "quem somos como país". O assessor evocou a rejeição de Obama, desde que chegou ao poder, em 2009, à tortura à qual a CIA recorreu depois do 11 de setembro de 2001 com os prisioneiros suspeitos de estar vinculados à Al-Qaeda.

Donald Trump provocou durante a campanha grandes debates, incluindo no seio de seu Partido Republicano, ao se declarar favorável a recorrer ao afogamento controlado (método conhecido como "submarino", que consiste em submergir à força em um recipiente com líquido a cabeça de um prisioneiro).

Barack Obama insistiu em várias ocasiões que estes métodos de interrogatório eram, além de ineficazes, contrários aos valores políticos democráticos e haviam "erodido a reputação dos Estados Unidos no mundo".

Trump, o Estado Islâmico e os generais

Desde que foi eleito, Trump deu a entender que poderia mudar de postura sobre este ponto devido à influência do general James Mattis, que acaba de ser designado secretário de Defesa.

Contou, assim, que havia perguntado a Mattis o que pensava do "submarino". "Ele me disse: ;nunca o considerei útil;", explicou Trump, que afirmou ter ficado muito impressionado com este general.

Obama também planeja reivindicar a pertinência de seu enfoque na luta contra os extremistas do Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria: não às tropas de combate em terra, apoio às forças de segurança locais, intensa campanha aérea com a ajuda de uma coalizão internacional.

Num momento em que a transferência de poder se aproxima, a Casa Branca insiste nos progressos dos últimos dois anos: recuperação de quase a metade dos territórios controlados pelo EI em 2014, ofensiva em andamento sobre Mossul no Iraque, redução do fluxo de combatentes estrangeiros que se somam às fileiras dos extremistas.

Trump, que ainda não designou seu futuro secretário de Estado, manteve durante a campanha eleitoral certa imprecisão sobre o modo como cogita combater a organização extremista.

Em nome da discrição para ser eficazes, às vezes enviou sinais contraditórios: "Como nação devemos ser mais imprevisíveis".

O milionário republicano disse que assim que chegar à presidência, no dia 20 de janeiro, solicitará à liderança militar um projeto detalhado para vencer o EI. "Terão 30 dias para entregar no Salão Oval um plano para vencer o grupo EI de maneira absoluta e rápida", afirmou.
Por France Presse

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação