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Ataque terrorista em Istambul deixa governos europeus em alerta

O ataque do réveillon em Istambul reforça o alerta dos governos europeus para um ano em que o Estado Islâmico se dispõe a atacar todo alvo possível, com o máximo de surpresa. Uma ameaça invisível, advertem os especialistas

Rodrigo Craveiro
postado em 02/01/2017 06:00

Segurança reforçada na avenida Champs Elysées, no coração de Paris: o EI ameaça ofensiva na capital francesa

Yves Trotignon, ex-agente do serviço secreto francês (DSGE) e especialista em contraterrorismo, admite, em entrevista ao Correio: ;Nós assistimos a um nível de ameaça terrorista nunca antes visto;. O estado de alerta que marcou as festas de fim de ano, em especial na Europa, culminou com o choque da noite de réveillon em Istambul, na Turquia, onde ao menos 39 pessoas foram mortas a tiros em uma boate, pouco depois da chegada do ano novo (leia na página 11). Mas os nervos já estavam à flor da pele desde 19 de dezembro, quando o tunisiano Anis Amri lançou um caminhão sobre o público de uma feira natalina, em Berlim, matando 12 pessoas e ferindo 48.

Assim como ele, cerca de 80 militantes do Estado Islâmico (EI) estão prontos para cometer atentados na Europa, alerta Dick Schoof, coordenador nacional para Segurança e Contraterrorismo da Holanda. Entre 4 mil e 5 mil extremistas europeus combatem nas fileiras do EI no Iraque e na Síria. Quando retornarem aos países de origem, provavelmente estarão ávidos para matar e semear o horror.

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[SAIBAMAIS]Em comunicado publicado pela revista turca Konstantiniyye, cinco meses atrás, o EI convocou os militantes a atacar o Velho Continente e os Estados Unidos. ;Depois que explodirmos sua Casa Branca, a torre do Big Ben e a Torre Eiffel, nós desejaremos Paris, antes de capturar Roma;, declarou Abu Muhammad al-Adnani, porta-voz da facção, poucos dias antes de ser morto num bombardeio em Aleppo (Síria). Segundo especialistas, a ameaça compreende desde células terroristas aos chamados ;lobos solitários;, e incluiria uso de explosivos, fuzis automáticos, armas brancas e carros-bomba. O inimigo é invisível e imprevisível.

Trotignon acredita que dezenas de extremistas estão prontos para atacar a qualquer momento e em qualquer local. ;Muitos deles são conhecidos das agências de inteligência, mas são rápidos e cada vez mais capazes de lidar com a vigilância. Algumas vezes, são treinados e usam manuais para se informar sobre métodos de contrainteligência;, explica. O ex-agente francês cita 17 complôs na França, em 2016, e pelo menos seis na Bélgica, desde 2014. ;Somente em território francês, 420 suspeitos foram presos no ano passado. Então, a ameaça é muito elevada;, reitera. ;O perigo vem de três direções: em primeiro lugar, de redes ligadas ao Estado Islâmico e à Al-Qaeda; em segundo lugar, de células locais conectadas a essas organizações terroristas; em terceiro, de células muito pequenas, apenas inspiradas por essas facções.;

Redes internas


Autor de Inside Al-Qaeda: Global network of terror (;Por dentro da Al-Qaeda: Rede global de terror;, pela tradução livre), o cingalês Rohan Gunaratna explica ao Correio que o Estado Islâmico construiu redes operacionais e estratégicas dentro da Europa. ;Com o território do EI sob ameaça, no Iraque e na Síria, a Europa será um espaço de batalha chave para o grupo. Por isso, o Estado Islâmico produziu a revista intitulada Rumiyah, cujo significado é Roma. Os extremistas pretendem criar o caos na Europa;, afirma.

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