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Obama admite que apoiaria revogação do Obamacare se tivesse plano melhor

O presidente citou falhas e méritos do programa que marcou seu mandato

Ana Carolina Fonseca*
postado em 06/01/2017 16:31
O presidente norte-americano Barack Obama durante entrevista nesta sexta-feira (6/1)
Em uma entrevista ao vivo no Facebook para o site Vox, o presidente Barack Obama afirmou no início da tarde desta sexta-feira (6/1) que mudaria de opinião sobre a troca do sistema de saúde se o partido Republicano apresentasse uma proposta melhor. ;Se conseguirem de fato criar um plano que seja comprovadamente melhor do que o Obamacare, eu apoio publicamente acabar com o Obamacare e substituir pelo novo plano;, declarou.
A revelação veio em meio às crescentes polêmicas sobre o programa de saúde de governo do democrata, oficialmente chamado de Lei de Proteção e Cuidado ao Paciente. A lei federal sancionada pelo presidente Barack Obama em 2010 lançou um programa de mudanças no sistema de saúde dos Estados Unidos. O presidente eleito, Donald Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, prometeu durante a campanha eleitoral revogar a lei. O magnata americano tem forte apoio do senado, de maioria republicana.

Mesmo com a revelação do sucessor, Obama ainda parece cético. Ele disse que esta é a hora dos republicanos criarem algo melhor: ;Vocês falaram por sete anos (que conseguiriam) e eu nunca vi;, alfinetou. O presidente deixou claro que duvida e afirmou, ainda, que se houvesse uma solução melhor, já teria sido implementada em seu mandato. O Obamacare foi uma prioridade para o governo desde o início do primeiro mandato e o presidente fez questão de ressaltar os esforços republicanos para atrasar a lei desde o início, apesar dos benefícios que teriam surgido desde a aprovação em 2010.
A lei do Obamacare obriga todo cidadão a contratar um plano de saúde e as empresas são obrigadas a aceitar, mesmo que o contratante tenha condições médicas pré-existentes. Mas, por lá, os preços são altos; este é o principal ponto de crítica dos opositores. Para melhorar isso, Obama ofereceu como proposta uma regulação mais forte do mercado por parte do governo, explicando que a regulação do mercado não funciona perfeitamente no sistema de saúde. ;Não é como comprar uma televisão. Se você ou seu filho está doente, você não consegue negociar, não consegue sair da loja e falar ;vou procurar um preço melhor;. Você faz o tratamento e se preocupa com o pagamento depois;, argumenta.

[SAIBAMAIS] Além disso, o presidente apontou, durante a entrevista, o sistema adotado pelos hospitais como um dos culpados pelos altos preços. Atualmente, a conta é determinado pelo número de procedimentos realizados, o que motiva hospitais e médicos a pedirem mais exames. Obama propôs a criação de um incentivo financeiro, como um sistema de recompensa, aos centros de saúde que promoverem recuperação mais rápida dos pacientes.

Obama ainda compara a situação atual do sistema de saúde dos Estados Unidos com outros países. Ele citou o Canadá, França, Inglaterra e Austrália como exemplos de países com acesso à saúde de qualidade. ;Em um dos países mais ricos do mundo, saúde é um direito básico, não um privilégio;, afirma.

O presidente encerrou a entrevista com um apelo aos americanos, encorajando o engajamento com as comunidades locais e o envolvimento no processo. Segundo Obama, parte do problema, no momento, é que apenas uma pequena parcela das pessoas beneficiadas pelo Obamacare compartilham pouco das experiências com o programa de saúde. Enquanto isso, ;aqueles ideologicamente opostos falam muito alto;.

Para o futuro, os planos do atual presidente ainda estão incertos e ele prefere não entrar em detalhes. ;Acho que mereço dormir um pouco. E preciso levar Michelle de férias;, brinca, em referência à esposa, advogada e ativista Michelle Obama. Mas o presidente acrescenta que vai continuar tendo uma voz ativa no debate e lembra que a mãe e o sogro morreram por problemas de saúde, sem acesso a tratamento de qualidade, e que poderiam ter sido evitados.

Obamacare em números

Segundo a pesquisa da Gallup, o número de cidadãos sem plano passou de 16.4% em 2009 para 10.9% em 2016.

O prêmio médio do seguro de saúde familiar cresceu de US$ 13 mil (2009) para US$ 18 mil (2016), de acordo com a organização Henry J. Kaiser Foundation.

No entanto, a taxa de aumento dos prêmios diminuiu: passou de 31% (entre 2006-2011) para 20% (2011-2016).

Os gastos nacionais com saúde, em porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB), foi de 17.3% (2009) para 17.8% (2015).
*Estagiária sob supervisão do editor Anderson Costolli

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