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Acordo firmado pelo presidente Juan Santos com as Farc ainda tem desafios

Implementação do acordo firmado entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e a guerrilha das Farc deve pôr fim ao conflito de mais de 50 anos, em junho deste ano. Processo esbarra em uma série de desafios e na falta de consenso nacional

Rodrigo Craveiro
postado em 16/01/2017 06:00

Implementação do acordo firmado entre o governo do presidente Juan Manuel Santos e a guerrilha das Farc deve pôr fim ao conflito de mais de 50 anos, em junho deste ano. Processo esbarra em uma série de desafios e na falta de consenso nacional

Depois de cinco décadas de sequestros, mortes, deslocamentos forçados e extorsões, 2017 promete ser um ano especial para a Colômbia. A implementação do acordo firmado pelo presidente Juan Manuel Santos com as Farc deve garantir a inserção da maior guerrilha da América Latina na política. O caminho até a paz, no entanto, impõe alguns desafios e esbarra em dúvidas sobre a legitimidade do pacto. Em entrevista ao Correio, Ernesto Samper Pizano, secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e presidente da Colômbia entre 1994 e 1998, apontou um deslize da Casa de Nariño, sede do Executivo. ;O maior erro do governo colombiano foi o de ter submetido os Acordos de Havan sem ter feito, previamente, um processo de socialização massiva com a comunidade internacional;, opinou.

Professor de ciência política da Universidad Externado de Colombia, em Bogotá, Eduardo Bechara Gómez lembrou que a negociação entre governo e combatentes se inscreveu no propósito de obter uma paz estável e duradoura ao país. ;A implementação do acordo não ficará isenta de desafios, sobretudo pela ausência de consenso nacional, tanto no âmbito político quanto no social, em torno dos diálogos de paz. Isso ficou evidenciado no triunfo do ;Não; e na acachapante abstenção, durante o plebiscito de 2 de outubro;, afirmou à reportagem. O especialista prevê uma aguda oposição política ao processo de paz, representada pelo Centro Democrático, partido do ex-presidente Álvaro Uribe, além de grande apatia, ceticismo e desinteresse por parte da cidadania.

;O cenário é ainda mais complexo, pois haverá eleições presidenciais em 2018, e a consolidação da paz dependerá de quem ocupará a Casa de Nariño no próximo mandato presidencial e de sua postura frente ao que foi acordado em Havana;, explicou Bechara, em alusão às negociações travadas em Cuba. Segundo ele, uma grande incerteza permeia a sustentabilidade do pacto de paz, em termos de sua implementação, ante a definição da configuração das forças políticas colombianas. O analista alerta que a desmobilização das Farc como estrutura armada enfrenta o risco de dissidências, ou seja, facções que decidam não respeitar o acordo em Havana.

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