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Especialistas analisam discurso de Trump: "populista e nacionalista"

O republicano Donald Trump tomou posse da presidência dos Estados Unidos na tarde desta sexta-feira (20/1), em Washington

Gabriela Vinhal
postado em 20/01/2017 17:27

O republicano Donald Trump tomou posse da presidência dos Estados Unidos na tarde desta sexta-feira (20/1), em Washington

Em um ambiente de maioria branca e poucos sorrisos, Donald Trump se tornou o 45; presidente dos Estados Unidos na tarde desta sexta-feira (20/1), em Washington. Na cerimônia, o discurso de posse do republicano foi populista e nacionalista, características também percebidas durante sua campanha à Casa Branca. Apesar de exaltar a geração de empregos, ficaram de fora do pronunciamento o futuro da relação do país com o México e com a Rússia, o detalhamento de alianças políticas e os novos projetos sociais da maior potência econômico do mundo.

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[SAIBAMAIS] O professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo Peixoto avaliou o discurso do novo presidente como ;um grandioso acúmulo de promessas;. Uma das maiores polêmicas acerca do governo de Trump é a criação de ;muros; para pessoas de outras nacionalidades. Para Peixoto, essa promessa é ;incompatível com a realidade norte-americana de hoje;. ;Vivemos em um mundo globalizado. Os EUA já possuem uma abertura política, econômica e cultural, não tem como voltar atrás. Essas relações são uma via de mão dupla;, explicou.


Questionado sobre o que espera de Trump, Peixoto afirma estar com uma visão ainda pragmática sobre o republicano. Com as metas audaciosas, o especialista alega estar como um observador, ainda sem tirar uma conclusão final sobre o presidente: ;Não tenho como estar nem pessimista nem otimista, porque até agora só vieram promessas. Quero ver se ele vai conseguir impor tudo o que disse durante esses meses;.

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Um discurso para brancos

Frases curtas, simplórias, marcadas por repetição de palavras como ;Nós;, ;Você; e ;América; puderam ser ouvidas durante a posse. Para ser mais preciso, o agora presidente falou, durante o discurso , a palavra "América" 12 vezes e "americanos", 19. Em contrapartida, Obama usou a primeira expressão oito vezes e se referiu aos norte-americanos como nação, termo pronunciado 12 vezes.

Segundo Carmen Rosa, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), doutora em Linguística e especialista em análise de discurso, essas são as características de um pronunciamento nacionalista e populista. ;São estruturas fáceis de ser entendidas, que convencem facilmente. É nacionalista, porque só fala em ;America;. Tudo que não é ;America;, é excluído;, esclareceu.

Rosa conta que sentiu falta de uma maior sofisticação no discurso, que, embora pareça agregador, é apenas focado no público que votou em Trump: ;Não vi negros representados, não ouvi pautas de direitos humanos, de igualdade racial e social. O ;você; do discurso dele é para o americano branco, eleitor dele;. A especialista, contudo, elogia a oratória do novo presidente, que nem sequer leu o pronunciamento e se manteve com uma postura ;refinada;.

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