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Forças iraquianas entram no aeroporto de Mossul

Operação aconteceu no quinto dia da ofensiva para recuperar a totalidade de Mossul, segunda maior cidade do país e último grande reduto do grupo extremista sunita no Iraque

Agência France-Presse
postado em 23/02/2017 09:36
Desde domingo, as forças iraquianas reconquistaram um importante posto de controle na estrada que liga Bagdá e Mossul pelo sul, assim como Al-Buseif
As forças iraquianas entraram nesta quinta-feira no aeroporto de Mossul pela primeira vez desde que o grupo extremista Estado Islâmico (EI) assumiu o controle da região em 2014.

Apoiados por aviões e drones, as forças iraquianas entraram no perímetro da base aérea e encontraram pouca resistência, mas rastreando a área para a possível presença de franco-atiradores.
O aeroporto de Mossul é a porta de entrada da zona oeste da cidade, ainda sob controle do EI.

"Entramos no aeroporto e as unidades de engenheiros estão limpando as estradas", afirmou Hisham Abdul Kadhem, comandante do Força de Intervenção Rápida (FIR) do ministério do Interior.

A operação aconteceu no quinto dia da ofensiva para recuperar a totalidade de Mossul, segunda maior cidade do país e último grande reduto do grupo extremista sunita no Iraque.

A zona leste da cidade foi "libertada" no fim de janeiro e retomada do EI três meses depois da grande ofensiva militar iniciada em 17 de outubro para reconquistar completamente Mossul.

Sorridentes e confiantes

OS combatentes iraquianos pareciam sorridentes e confiantes quando entraram em caminhonetes em Al-Buseif, localidade a partir da qual se domina o aeroporto. À distância é possível observar os primeiros edifícios do sul de Mossul.

A coalizão internacional sob comando americano tem um papel central de apoio às forças iraquianas com bombardeios aéreos assessores no local da batalha. Nesta quinta-feira, veículos blindados americanos seguiam para o aeroporto ao lado das forças iraquianas.

O coronel John Dorrian, porta-voz da coalizão, afirmou na quarta-feira que soldados americanos "foram atacados a tiros em várias oportunidades".

"Responderam diversas vezes, em Mossul e nos arredores", declarou, sem revelar se os incidentes deixaram feridos.

As forças iraquianas controlam as alas sul e oeste do aeroporto, informou o comandante Kadhem. O esquadrão antibombas começou a desativar os artefatos explosivos deixados pelos extremistas.

Nenhuma fonte confirmou o número exato de extremistas no aeroporto, mas de acordo com imagens gravadas via satélite eles danificaram a pista.

De acordo com fontes americanas, quase 2.000 combatentes permanecem entrincheirados na zona oeste de Mossul. O número era avaliado em entre 5.000 e 7.000 homens antes do início da ofensiva contra a cidade em 17 de outubro.

Desde domingo, as forças iraquianas reconquistaram um importante posto de controle na estrada que liga Bagdá e Mossul pelo sul, assim como Al-Buseif.

Preocupação com as crianças

A batalha pelo oeste de Mossul se anuncia muito violenta. A ONU e várias ONGs expressaram preocupação com as 750.000 pessoas que moram nesta área da cidade, quase metade delas crianças. As condições de vida são cada vez mais precárias nesta zona isolada, onde não chegam mantimentos.

Na quarta-feira, um avião militar lançou milhares de cartas escritas pelos moradores do leste de Mossul destinadas aos civis bloqueados na margem oeste do Tigre, o grande rio que divide a cidade.

"Sejam pacientes e ajudem uns aos outros (...) O fim da injustiça está próximo", afirma uma das cartas, assinada por "População do lado leste".

"Permaneçam em suas casas e cooperem com as forças de segurança. São seus irmãos, vieram para libertá-los", afirma outra carta.

Médicos e moradores da cidade afirmaram que as pessoas em situação mais delicada começaram a morrer vítimas de desnutrição e pela falta de medicamentos.

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