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Incompreensão e solidariedade marcam a noite dos torcedores do Monaco

Ataque ao ônibus que levava os jogadores do Borussia Dortmund para enfrentar a equipe do Monaco, pelas quartas-de-final da Liga dos Campeões da Europa, emocionou os torcedores, tanto alemães quanto franceses

Agência France-Presse
postado em 12/04/2017 10:10
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Dortmund, Alemanha - "Vou lembrar por 10 anos". Arthur Glapa usa um uniforme do Monaco no qual escreveu o nome de Marc Bartra, jogador do Borussia Dortmund ferido no ataque ao ônibus da equipe alemã. Ele nunca imaginou que algo assim poderia acontecer. A incompreensão diante do terror deste torcedor, de 22 anos, do clube francês se misturou à satisfação com a "solidariedade" entre as duas torcidas.
Glapa e o amigo Julien Nedjar, 21 anos, viajaram de carro para Dortmund a partir de Douai, norte da França. Eles não encontraram um quarto para alugar após o adiamento da partida e decidiram dormir no veículo. "Passamos um pouco de frio, ligávamos a calefação a cada duas horas, mas foi divertido", conta Glapa à AFP.

Ao lado de outros torcedores, compartilhou um café da manhã, "salsichas, café e geleia", em um estacionamento próximo do estádio.

Bartra na camisa do Monaco

Sua maneira de demonstrar solidariedade com o ataque é vestir a camisa de sua equipe com o nome de Marc Bartra, zagueiro espanhol ferido no ataque ao ônibus e operado por uma fratura na mão. "Tive a ideia para prestar uma homenagem. A princípio não queriam estampar uma camisa do Monaco, mas a gerente da loja ajudou", explica.

A recordação será mais amarga para a família Schültz, que viajou do vale do Mosela, sudoeste da Alemanha, para acompanhar a partida. "Ontem foi estranho, estávamos com medo, temos quatro filhos. Decidimos voltar, é muito perigoso", explica o patriarca, Jurgen, 51 anos.

"É incompreensível atacar uma equipe de futebol", completa esposa Heike, de 41 anos. Mas para fazer a viagem de volta a família precisava recuperar o carro, estacionado no mesmo local em que estava concentrado o elenco do Borussia Dortmund, fechado por motivos de segurança.

"Temos medo de que aconteça alguma coisa no estádio", disse Paul, de 12 anos. Os torcedores do Monaco também ficaram comovidos. "Viemos para uma festa, para conhecer um estádio mítico. Eles (os autores do ataque) não podem vencer", disse Julien Nedjar.
A partida foi adiada para esta quarta-feira, mas o número de torcedores será bem menor, lamenta Nedjar, em referência aos franceses que decidiram retornar ao país, sobretudo aqueles que pagaram por uma viagem com um avião fretado pelo AS Monaco. Pascal Pedro e o filhjo Antoine, que moram nas proximidades de Mônaco, decidiram passar mais uma noite no hotel e compraram novas passagens de avião Düsseldorf-Nice.

"Perdemos as outras passagens, um pouco mais de 200 euros, mas acontece", disse Antoine, de 24 anos. "Consegui trocar as passagens na terça-feira à noite, enquanto bebia uma cerveja com a pouca bateria que restava no celular", explica. Pascal disse que estava "orgulhoso" com a reação dos torcedores do Monaco, que cantaram o nome do Borussia Dortmund por "solidariedade".

E justamente esta palavra, solidariedade, é a mais citada pelos torcedores franceses que caminham pelas ruas de Dortmund nesta quarta-feira.

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