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Chefe do Pentágono visita Afeganistão após ataque dos talibãs

Em sua primeira visita ao Afeganistão como chefe do Pentágono, Mattis não anunciou o envio de novos soldados ao país asiático, embora o comandante do contingente americano em Cabul

Agência France-Presse
postado em 24/04/2017 14:12

O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, realizou nesta segunda-feira uma visita surpresa ao Afeganistão, horas depois da renúncia de seu colega afegão após um grande atentado talibã contra uma base militar.

[SAIBAMAIS]Em sua primeira visita ao Afeganistão como chefe do Pentágono, Mattis não anunciou o envio de novos soldados ao país asiático, embora o comandante do contingente americano em Cabul, o general John Nicholson, tenha pedido "uns milhares" de soldados a mais para acabar com a insurreição islamita e com os diferentes grupos que a realizam.

Mattis aterrissou no Afeganistão menos de uma hora depois do anúncio da renúncia de seu colega afegão, Abdullah Habibi, e do chefe do Estado-Maior do exército, o general Qadam Shah Shahim.

As renúncias ocorreram após uma chuva de críticas contra o governo depois do ataque dos talibãs contra uma base militar próxima à cidade de Mazar-e-Sharif na sexta-feira, no qual mais de 150 pessoas morreram, em sua maioria jovens recrutas.


Um porta-voz da base atacada, Nasrat Jamshid, contou à AFP que "uma dezena de pessoas, membros das forças armadas, estão sendo interrogadas como suspeitas". Este anúncio confirma as suspeitas e acusações de cumplicidade com os talibãs dentro da própria base, às quais alguns dos resgatados se referiram no sábado.

Acredita-se que seja o ataque mais mortífero já lançado pelos talibãs contra uma base militar.

Forças afegãs na mira


O presidente Ashraf Ghani também anunciou nesta segunda-feira a destituição de quatro generais do exército, sem divulgar detalhes.

Estas são as primeiras punições após o duplo revés de Mazar e do hospital militar de Cabul, onde, no início de março, o ataque reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) contra o principal hospital militar do país deixou dezenas de mortos.

O general Mattis se reuniu nesta segunda-feira com o presidente Ghani, na presença do chefe dos serviços de inteligência afegãos e do conselheiro do presidente para a segurança nacional, Hanif Atmar.

Os Estados Unidos têm 8.400 soldados no país, que, junto a outros 5.000 de seus aliados da Otan, ajudam as forças afegãs na guerra contra os talibãs e outros combatentes extremistas.

As forças armadas, atingidas pelos massacres e pelas detenções, sofreram múltiplos ataques dos insurgentes desde que as forças da Otan, lideradas pelos Estados Unidos, colocaram fim a sua missão de combate, em dezembro de 2014.

Segundo o Sigar, o órgão que avalia a ação americana no Afeganistão, 6.800 soldados e policiais afegãos morreram em 2016, 35% a mais que no ano anterior.

Mais de um terço do território do Afeganistão escapa ao controle do governo, e vários grupos insurgentes disputam numerosas regiões. As diversas tentativas de Cabul de lançar negociações de paz com os talibãs fracassaram.

A visita de Mattis também ocorre dias depois de Washington lançar uma GBU-43/B, conhecida como a "mãe de todas as bombas", para destruir várias posições do grupo EI na província de Nangarhar (leste). Quase 100 extremistas perderam a vida, segundo balanços de autoridades afegãs.

Mattis, que serviu no Afeganistão, afirmou que está avaliando a situação do conflito no país para o presidente Donald Trump.

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