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Atentado contra comboio da Otan em Cabul deixa oito pessoas mortas

Ao menos três veículos civis e outros dois militares ficaram destruídos na explosão, que deixou uma cratera na avenida próxima à embaixada americana

Agência France-Presse
postado em 03/05/2017 07:56
Sobreviventes são atendidos por equipes médicas: oito mortos
Cabul, Afeganistão - Ao menos oito pessoas morreram nesta quarta-feira na capital do Afeganistão, Cabul, em um atentado contra um comboio blindado da Otan que foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico. A explosão deixou oito mortos e 25 feridos, em sua maioria civis, afirmou à AFP Najib Danish, porta-voz do ministério afegão do Interior.

A Amaq, agência de propaganda do EI, reivindicou o atentado que, segundo ela, foi cometido por um suicida e matou "oito soldados americanos". Nas últimas semanas, os Estados Unidos intensificaram os ataques contra os combatentes do EI no Afeganistão, com o objetivo de acabar com sua presença no país e impedir que recebam os extremistas experientes que fogem de Iraque e Síria.

[SAIBAMAIS]Entre os feridos estão três soldados estrangeiros, informa um comunicado das Forças Armadas americanas sob mandato da Otan no Afeganistão. "Sua vida não corre perigo", afirma a nota oficial. Os militares estrangeiros circulavam em veículos blindados de transporte de tropas (MRAP) no momento da explosão, de acordo com testemunhas e vídeos divulgados pelas redes sociais.

Ao menos três veículos civis e outros dois militares ficaram destruídos na explosão, que deixou uma cratera na avenida próxima à embaixada americana. A explosão destruiu vitrines e janelas dos edifícios próximos, contaram testemunhas.

O atentado com carro-bomba tinha como alvo "um comboio americano que patrulhava perto da embaixada dos Estados Unidos e do quartel-general da Resolute Support", a operação da Otan no Afeganistão, disse uma fonte de segurança. O ataque ocorreu dias após os talibãs anunciarem, na sexta-feira passada, o início de sua "ofensiva de primavera", que neste ano chamam de "Operação Mansuri", em homenagem ao seu falecido líder, o mulá Akhtar Mansur.

"O principal alvo da Operação Mansuri serão as forças estrangeiras, suas infraestruturas militares e de informação, e a eliminação de seus mercenários locais", referindo-se aos soldados e policiais afegãos, alertaram os talibãs ao anunciar a ofensiva. "O inimigo será atingido, perseguido, morto ou capturado até que abandone sua última posição", afirmaram.

Esta ofensiva marca o início da temporada de combates, embora nos últimos anos os talibãs tenham seguido atacando as tropas afegãs durante a tradicional trégua de inverno.

;Um ano difícil;
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, disse na semana passada, durante uma visita surpresa a Cabul, que é esperado "um novo ano difícil" para as tropas afegãs e estrangeiras. Mattis não se pronunciou sobre o eventual envio de mais tropas, como pede o general John Nicholson, comandante das tropas americanas e aliadas no Afeganistão. No último domingo, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, declarou ao jornal alemão Welt am Sonntag que a Aliança estudava aumentar o efetivo da "Resolute Support".

O conflito afegão é o mais longo da história para os Estados Unidos, que mantém no Afeganistão 8.400 militares junto a 5.000 da Otan. As tropas da Otan estão em guerra neste país desde 2011, após a deposição dos talibãs por sua negativa em entregar Osama bin Laden depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Além de apoiar as forças policiais e militares afegãs, os militares americanos atacam com aviões e drones as posições da Al-Qaeda, dos talibãs e do grupo extremista EI no Afeganistão.

Desde o final de 2014, quando se tornou efetiva a retirada da maioria das forças ocidentais, o exército afegão sofre o crescente assédio dos talibãs. Mais de um terço do território afegão foge do controle do governo central e Cabul sofre ataques quase diários.

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