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ONGs temem que fome vire catástrofe humanitária no Sudão do Sul

Esta situação, segundo as Nações Unidas, é consequência da guerra civil que arrasa o país mais jovem do mundo desde o final de 2013

Agência France-Presse
postado em 05/05/2017 19:56
Durban, África do Sul - A fome no Sudão do Sul pode se tornar uma catástrofe humanitária se a comunidade internacional não se mobilizar, alertaram várias ONGs no Fórum Econômico Mundial para a África.

Esta crise alimentar, propagada em todo o Chifre da África, é um dos principais temas de debate entre os responsáveis econômicos e políticos do continente, reunidos desde quarta-feira na cidade sul-africana de Durban.

A presidente do Stop Hunger Now, Sarai Khan, lamentou a escassa ajuda internacional enviada ao Sudão do Sul.

"Já viveram uma seca grande em 2012 e parece que nunca se recuperaram totalmente", declara Khan. "Agora é a segunda e as ONGs e os governos hesitam em fazer o necessário", acrescenta.

"Se nada for feito, vamos terminar o ano com seis milhões de mortos", afirma.

A ONU, menos alarmista, calcula que a fome afeta efetivamente mais de 100 mil pessoas e ameaça outras cerca de um milhão no país.

Esta situação, segundo as Nações Unidas, é consequência da guerra civil que arrasa o país mais jovem do mundo desde o final de 2013, dois anos após se tornar independente do Sudão.

A ONU calcula que são necessários 1,5 bilhão de euros para evitar um grande número de mortes no Sudão do Sul. Até agora, apenas 26% desse valor foi arrecadado.

"As necessidades são enormes, o déficit de ajuda também", declara à AFP a diretora-executiva da Oxfam, Winnie Byanyima. "Quando alguém morre de fome, é um fracasso porque é possível impedi-lo agindo rapidamente".

Esta guerra desestabiliza também os vizinhos Somália, Sudão, Etiópia, Quênia e Uganda. Cerca de 1,9 milhão de pessoas fugiram da guerra do Sudão do Sul, em sua maioria para os países limítrofes.

A Nigéria, afetada pelo grupo extremista Boko Haram, também atravessa uma situação alimentar muito difícil.

Segundo Byanyima, no país "47.000 pessoas sofrem de fome e outras cinco milhões podem conhecer a mesma sorte nos próximos meses".

Antes do fórum de Durban, o vice-ministro das Finanças sul-africano, Sifiso Buthelezi, insistiu no paradoxo de que haja fome em um continente rico em recursos naturais.

"A agricultura é um dos pontos desse paradoxo africano. Há terrenos extensos mas nosso povo morre de fome. Precisamos fazer algo a todo custo", disse.

Para Byanyima, a solução passa por uma reforma do sistema de intervenção e manutenção da paz da ONU.

"O Conselho de Segurança é incapaz de exercer qualquer pressão sobre os líderes irresponsáveis, como os do Sudão do Sul", lamenta a diretora da Oxfam. "Os conflitos se prolongam pela falta de um meio eficaz para resolvê-los".

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