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Sul-coreanos escolhem novo presidente após escândalo que derrubou Park

A crise obrigou todos os candidatos a prometer reformas para uma integridade maior no país

Agência France-Presse
postado em 09/05/2017 08:23
A crise obrigou todos os candidatos a prometer reformas para uma integridade maior no país

Os sul-coreanos comparecem às urnas nesta terça-feira para escolher um novo presidente, em uma eleição marcada pelo escândalo de corrupção que terminou com a destituição da presidente Park Geun-Hye e pelas tensões com a Coreia do Norte. As seções eleitorais abriram às 6H00 locais (18h00 de segunda-feira em Brasília).

Após uma breve campanha dominada pelos temas de emprego e desigualdades, os eleitores poderão votar até as 20H00 locais (08H00 de Brasília) em um dos mais de 14.000 colégios eleitorais do país asiático. Os analistas esperam uma taxa de participação excepcional. Quatro horas antes do fim da votação, 63,7% dos eleitores já haviam votado, contra 59,3% há cinco anos no mesmo horário.

As primeiras pesquisas de boca de urna devem ser divulgadas logo depois do fechamento dos locais de votação. No epicentro da crise está a relação da presidente destituída com Choi Soon-sil, sua grande amiga e que é chamada pela imprensa de "Rasputina" pelas acusações de que se aproveitou de suas relações para obter dezenas de milhões de dólares das grandes empresas sul-coreanas.

[SAIBAMAIS]Este gigantesco escândalo de corrupção, que atingiu inclusive a Samsung, catalisou as frustrações da população a respeito das desigualdades, da economia e do desemprego. A crise obrigou todos os candidatos a prometer reformas para uma integridade maior no país. Moon Jae-In, um veterano da luta pelos Direitos Humanos favorável a uma aproximação com a Coreia do Norte, é o grande favorito das eleições.

O candidato do Partido Democrático (centro-esquerda) lidera as pesquisas com 38% das intenções de voto, muito à frente do centrista Ahn Cheol-Soo, que em algumas pesquisas aparece empatado com o conservador Hong Joon-Pyo. Uma vitória de Moon, de 64 anos, permitiria uma alternância à frente do país após 10 anos de reinado dos conservadores. Sua eleição pode significar uma importante mudança de política em relação a Pyongyang e ao aliado e protetor americano.

"Votei por Hong porque a segurança (em relação à Coreia do Norte) é a coisa mais importante", disse à AFP Chung Tae-Wan, um médico de 72 anos que votou em Seocho, no sul de Seul. O futuro presidente terá muito o que fazer, como combater a desaceleração do crescimento, as desigualdades, a alta do desemprego e o estancamento dos salários.

Mas o próximo ocupante da "Casa Azul", a residência oficial da presidência, terá como principal desafio a ameaça da vizinha Coreia do Norte. Em um momento em que alguns temem um sexto teste nuclear de Pyongyang, a tensão cresce devido ao caráter imprevisível do novo presidente americano, Donald Trump, que ameaça resolver a questão pela força.

A instalação de um escudo antimísseis americano na Coreia do Sul para enfrentar a ameaça norte-coreana provocou irritação na China, e Trump deixou seus aliados perplexos ao pedir a Seul que pague uma fatura de 1 bilhão de dólares pelo dispositivo. Rompendo com a linha dura em relação a Pyongyang defendida por Park, Moon deverá - em caso de vitória - propor uma aproximação menos conflitiva com a Coreia do Norte e uma emancipação da tutela americana.

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