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Estado Islâmico reivindica atentado de Londres que afeta a campanha

A polícia, que conhece a identidade dos três autores do ataque, mas não divulgou seus nomes, realizou novas detençõe

Agência France-Presse
postado em 05/06/2017 11:40
O grupo extremista Estado Islâmico revindicou o atentado de sábado em Londres, que provocou pedidos de renúncia da primeira-ministra Theresa May, após o terceiro ataque em três meses no Reino Unido.

A polícia, que conhece a identidade dos três autores do ataque, mas não divulgou seus nomes, realizou novas detenções, enquanto os nomes das vítimas começaram a ser revelados.

A apenas três dias das eleições legislativas, a política foi marcada pelo apoio do líder opositor, o trabalhista Jeremy Corbyn, aos pedidos de demissão de May pelos cortes na polícia quando era ministra do Interior.

Em uma entrevista ao canal ITV, uma jornalista perguntou se ele apoiava os pedidos e Corbyn respondeu: "Certamente eu o faria... nunca deveríamos ter cortado o número de policiais".

No sábado à noite, três homens a bordo de uma van atropelaram pedestres na London Bridge e depois esfaquearam várias pessoas nos bares de Borough Market.

Sete pessoas morreram, assim como os três criminosos - abatidos pela polícia - e 48 foram hospitalizadas, 21 delas em estado crítico.

Um homem da família conhecido como "Abz"
Várias pessoas foram detidas em duas novas operações em Newham e Barking, bairros da zona leste da capital britânica, informou a polícia.

No domingo, a polícia londrina anunciou a detenção de 12 pessoas em Barking, um bairro multiétnico da periferia de Londres. Eram sete mulheres e cinco homens com idades entre 19 e 60 anos. Mais tarde, um homem de 55 ano foi liberado sem acusações.

Os vizinhos de um dos suspeitos o descreveram à AFP como uma pessoa que antes era amigável, familiar e frequentava o ginásio local, conhecido como "Abz".

De acordo com a imprensa britânica, a polícia realizou uma operação de busca no domingo em sua residência em Barking. Um fotógrafo da AFP viu quatro mulheres detidas.

"Ele era simpático, mas de repente mudou seus hábitos, já não agia como de costume. Ele não era agressivo. Mas, ultimamente, não falava mais do que um olá-adeus", disse à AFP um vizinho, Salahudeen, professor de uma auto-escola, de 40 anos.

Salahudeen disse que Abz tinha dois filhos, um menino de cerca de 3 anos e uma menina recém-nascida de duas semanas.

A chefe de polícia Cressida Dick afirmou nesta segunda-feira à BBC que "uma prioridade absoluta é tentar compreender se agiram com outras pessoas".

Ela disse que a polícia científica obteve uma "enorme quantidade" de indícios no veículo dos criminosos.

Primeiras vítimas identificadas
Trinta e seis pessoas permanecem hospitalizadas, 21 delas em estado crítico, segundo o NHS, o Serviço Nacional de Saúde.

Entre as pessoas mortas está a canadense Christine Archibald, de 30 anos, que faleceu nos braços do namorado, e um francês, garçom em um restaurante da região, que não teve o nome divulgado.

"Meu irmão mais novo perdeu o amor de sua vida na London Bridge", escreveu Cassie Ferguson, irmã do namorado de Archibald.

"Parte o meu coração ouvir seu choro de dor pelo telefone enquanto lida sozinho com tudo".

Outro francês está desaparecido, assim como um espanhol, de acordo com os governos de seus respectivos países.

Sete franceses, dois alemães, um australiano e um espanhol estão entre os feridos.

Os londrinos participarão nesta segunda-feira de uma vigília em homenagem às vítimas a partir das 17H00 GMT (14H00 de Brasília).

- Volta ao trabalho na London Bridge e Borough Market -
Nas proximidades da London Bridge ficam o Shard, o maior arranha-céus da Europa, vários prédios comerciais e o mercado de alimentos Borough Market, que permanecia fechado nesta segunda-feira. O ambiente era um misto de resignação e tristeza.

"É assustador", declarou à AFP Jessica Bony, que como muitas pessoas não conseguiu chegar ao local de trabalho em consequência do cordão de isolamento da polícia.

"Normalmente há muito movimento, todo mundo atravessa a ponte para chegar ao trabalho. Hoje tentam trabalhar, mas o ambiente é muito diferente", constatou.

"Estamos em um momento de caos, de terror, estamos em uma situação de medo grave. Devemos ter muito cuidado porque não sabemos quando pode acontecer de novo", disse William Narváez, um colombiano de Cali, de 55 anos, que trabalha em uma empresa de reciclagem e não pôde cruzar o cordão policial para chegar até ela.

Narváez chegou em Londres há 20 anos, mas se lembra bem da violência do tráfico em sua cidade, e acredita que os atentados extremistas no Reino Unido - três em três meses, com 34 mortos - são diferentes.

"Naquela época acontecia a guerra entre os cartéis de Medellín e de Cali, e vivemos essa situação muito de perto. Não era nada parecido com isso", afirmou.

"Estas pessoas [de Londres] agem de maneira mais extremista, no sentido de que atacam qualquer pessoa que esteja andando pela rua, com carros, com armas brancas, com facas, machados. É um cidadão que passa despercebido, muito acostumado à tranquilidade, à paz, e de um momento para outro acontecem essas coisas", explicou.

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