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Recuperados 29 corpos de avião desaparecido em Mianmar

O chefe do Exército anunciou que 29 corpos, entre eles os de 20 mulheres e oito crianças, foram recuperados na praia de San Hlan, perto da cidade de Launglon, no sul do país

Agência France-Presse
postado em 08/06/2017 11:47
San Hlan, Mianmar - Vinte e nove corpos foram resgatados do mar nesta quinta-feira (8/6) pelos Serviços de Resgate birmaneses, com parentes como testemunhas em uma praia do sudoeste do país, onde foi localizado o avião desaparecido na véspera com 122 pessoas a bordo.

Desde quarta-feira, nove navios e três aviões da Força Aérea foram mobilizados nas buscas do avião militar desaparecido, que transportava em sua maioria mulheres e crianças, familiares dos soldados.

Durante a tarde, o chefe do Exército anunciou que 29 corpos, entre eles os de 20 mulheres e oito crianças, foram recuperados na praia de San Hlan, perto da cidade de Launglon, no sul do país.

Desde que encontraram os primeiros destroços do avião, as equipes de resgate se viram diante de grande dificuldade. O mar agitado impedia que os barcos chegassem à costa.

O avião decolou na quarta-feira pela manhã da cidade de Myeik, sul de Mianmar, basicamente com militares e familiares, e deveria aterrissar em Yangon, capital econômica do país.

Entretanto, a aeronave desapareceu dos radares meia hora depois da decolagem, quando se encontrava a 18.000 pés (5.486 metros).

Na praia de San Hlan, Kywan Swar Myint via como os militares transportavam os corpos encontrados em macas, cobertos com plásticos pretos ou brancos.

"Nos disseram que um helicóptero ia transportar 20 corpos à praia, então estamos esperando", explicou à AFP este homem de 44 anos, que tinha vários parentes no avião.

Frota em condições ruins

"Nos orientamos para um incidente técnico. O tempo estava bom", apesar de ser o início do período de monções, explicou um responsável do aeroporto.

A aeronave era um Y-8F-200 turboélice de quatro motores, de fabricação chinesa. A dissolvida junta militar birmanesa adquiriu equipamentos da China durante os 50 anos de isolamento, quando o país era alvo de sanções ocidentais.

A montadora China National Aero-Technology Import & Export Corp. declarou na quinta-feira, em um comunicado, estar disposta a colaborar com as investigações. Segundo as autoridades birmanesas, o avião foi entregue ao exército em março do ano passado e tinha apenas 809 horas de voo.

Seu piloto, o tenente-coronel Nyein Chan, tinha uma experiência de mais de 3.000 horas de voo, segundo fontes militares.

Um ex-responsável do Ministério da Aviação disse que muitos equipamentos da frota birmanesa são velhos e estão em condições ruins.

"A Força Aérea birmanesa tem péssimos antecedentes em termos de segurança aérea", ressaltou, pedindo anonimato. A frota birmanesa tem um longo histórico de acidentes.

Em junho de 2016, um helicóptero militar Mi-2 caiu, causando três mortes, na província central de Bago. O mau tempo foi a causa do acidente.

Em fevereiro daquele ano, cinco soldados morreram quando o avião militar em que viajavam pegou fogo logo após a decolagem perto de Naypyidaw, capital administrativa.

Desde a abertura do país, após a dissolução da junta militar em 2011, o aumento dos voos nacionais pressionou a já deteriorada estrutura de transporte aéreo do país, em particular dos aeroportos distantes dos centros desenvolvidos.

Em 1998 o país registrou outro acidente, quando uma aeronave da companhia Myanmar Airways com 39 pessoas a bordo desapareceu. Os destroços foram encontrados quatro dias após o seu desaparecimento.

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