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Farc deixam de existir nesta sexta após entrega de armas à ONU

O presidente da Colômbia, que está na França desde quarta-feira em visita oficial, disse que esta notícia muda a história do país

Agência France-Presse
postado em 23/06/2017 17:21
O presidente da Colômbia, que está na França desde quarta-feira em visita oficial, disse que esta notícia muda a história do país
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou em Paris que a ONU anunciará nesta sexta-feira que as FARC entregaram "100% de suas armas", o que fará com que deixe de existir como um grupo guerrilheiro após mais de meio século de conflito armado.

"Hoje, 23 de junho, as Nações Unidas na Colômbia irão declarar que as Farc entregaram 100% de suas armas", assinalou o presidente colombiano em um fórum econômico com empresários.

"Hoje, as Farc, a guerrilha mais antiga e mais poderosa da América Latina, deixa de existir", acrescentou em meio aos aplausos da sala.

Santos, que está na França desde quarta-feira em visita oficial, disse que esta notícia "muda a história da Colômbia".

Desde terça-feira, a guerrilha marxista está entregando os 40% restantes de suas armas para a missão da ONU na Colômbia, como parte do processo de paz alcançado no ano passado com o governo de Juan Manuel Santos. Os outros 60% foram entregues nas últimas duas semanas.

[SAIBAMAIS]O presidente, que por suas bem-sucedidas negociações com as Farc recebeu no ano passado o prêmio Nobel da Paz, anunciou no domingo que em 27 de junho fará um "ato de encerramento de todo o processo de deposição das armas".

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) têm mais de 900 esconderijos de armas que devem ser destruídos pela ONU o mais tardar em 1; de setembro, de acordo com o acordo de paz assinado em novembro, em Cuba.

"Hoje, mais de 7.000 homens e mulheres desta guerrilha estão concentrados em 26 zonas ao longo de nosso território, entregando as armas que tinham consigo às Nações Unidas", explicou Santos nesta sexta, em um discurso na sede da Unesco, posterior a sua intervenção ante os empresários.

Mas o presidente reconheceu que seu país enfrenta ainda enormes desafios, entre outros o de garantir uma justiça de transição para as vítimas, desminar o território - a Colômbia, afirmou, é o país com maior número de minas do mundo depois do Afeganistão -, e "reincorporar os ex-guerrilheiros à vida civil, incluindo a participação na política, uma vez concluído o desarmamento".

Admitiu, no entanto, que uma parte dos colombianos "não aceita outra saída que a prisão ou o extermínio" para os ex-guerrilheiros, mas defendeu "que a paz é trocar as balas pelos votos, as armas pelos argumentos, a violência pela democracia".

O conflito armado envolveu guerrilheiros, paramilitares e agentes do Estado, deixando pelo menos 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e 7,1 milhões de deslocados.

Santos afirmou que a única forma de construir uma sociedade de paz é com as ferramentas "da educação, cultura, ciência e comunicação" e destacou que, "pela primeira vez na história da Colômbia, o orçamento da educação e maior dentro do orçamento nacional".

Com isso, está garantida, por exemplo, a educação gratuita em todos os colégios oficiais.

O presidente colombiano foi nomeado em uma cerimônia posterior Doutor Honoris Causa pela Universidade Paris-Sorbonne por seus esforços pela paz.

Sua visita foi concluída com a inauguração da Praça Gabriel García Márquez em Paris e a abertura da segunda parte do ano França-Colômbia, com um concerto de crianças francesas e colombianas.

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