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Parlamento alemão pode votar legalização do casamento gay nesta sexta

Contrária durante muito tempo à união entre pessoas do mesmo sexo, Angela Merkel se declarou pela primeira vez aberta a um voto "de consciência" dos deputados conservadores

Agência France-Presse
postado em 28/06/2017 09:20
Bandeira do Orgulho LGBT
Os deputados alemães podem votar no Bundestag, nesta sexta-feira (30/6), um projeto sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, depois que a chanceler Angela Merkel mudou de posição a respeito do tema, criando uma verdadeira crise dentro da sua coalizão governamental.
A legalização do casamento gay é praticamente certa. Parte dos deputados da União Democrata Cristã (CDU) de Angela Merkel é favorável, e seus votos serão somados aos dos demais partidos representados na Câmara Baixa do Parlamento, que fazem campanha a favor da igualdade.

Uma comissão do Bundestag aprovou nesta quarta-feira (28/6) o envio para o plenário do projeto de lei que autoriza o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo e concede, pela primeira vez, direitos ampliados para adoção, anunciaram os deputados após uma reunião.

"O caminho está livre para a igualdade", escreveu no Twitter a deputada Renate Künast, do Partido Verde, favorável ao projeto.

A entrada do texto na agenda do dia da última sessão plenária do Bundestag antes do recesso de verão deve ser oficializada até sexta-feira. Se for confirmada, a votação acontecerá no mesmo dia.

Esse calendário acelerado desagrada a Merkel e a seu campo conservador, que preferiam uma votação sobre a questão - politicamente sensível para eles - apenas após as eleições legislativas de 24 de setembro.

Hoje, os membros da CDU se pronunciaram contra a votação na sexta, mas foram minoria.

Excepcionalmente, a votação será nominal, afirmou a deputada Christine Lambrecht, do Partido Social-Democrata (SPD).

O projeto de legalização do "matrimônio homo", como é chamado na Alemanha, debatido há vários anos, acelerou no início da semana após a mudança de opinião da chanceler.

Durante muito tempo contrária à união entre pessoas do mesmo sexo, Merkel se negava até agora a contrariar a ala mais conservadora de seu eleitorado e o partido aliado bávaro, a União Social Cristã (CSU), muito tradicionalista em temas sociais.

Na segunda-feira (26/6), porém, a chefe de Governo se declarou pela primeira vez aberta a um voto "de consciência" dos deputados conservadores, que não receberão nenhuma instrução de voto.

Seu sócio minoritário na coalizão de governo, o SPD, aproveitou a oportunidade para pedir uma votação o mais rápido possível, o que - ao que tudo indica - pegou a chanceler de surpresa.

O mal-estar domina a CDU, onde alguns deputados acusam o SPD de "quebra de confiança" a três meses das eleições legislativas.

Precipitando as coisas, os social-democratas assinam o divórcio da coalizão, da qual faziam parte com os cristãos-democratas desde 2013.

A aprovação do casamento gay não estava no programa da coalizão assinado pelos dois partidos há quatro anos.

O clima entre as duas legendas já era tenso nos últimos dias, no momento em que a campanha eleitoral entra em sua reta final e que o SPD parte para a ofensiva para tentar reduzir seus 15 pontos de desvantagem nas pesquisas sobre os conservadores.

O líder do SPD, Martin Schulz, acusou Angela Merkel de "minar a democracia", recusando-se a falar de questões que preocupam as pessoas e contando apenas com seu balanço. Com esse posicionamento, ele atraiu a ira dos conservadores.

Fazendo a questão do casamento gay passar à força, o SPD também conseguiu causar rebuliço na família conservadora. De acordo com a imprensa alemã, muitos deputados têm criticado Angela Merkel por sua reviravolta surpresa.

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