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Síria: governo e oposição retomam negociações de paz em Genebra

"Não esperamos uma solução (...), mas alguns avanços", declarou à imprensa o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que tenta há anos encontrar um fim para a crise

Agência France-Presse
postado em 10/07/2017 14:18

As difíceis discussões entre o governo sírio e a oposição foram retomadas nesta segunda-feira (10/7), em Genebra, na sétima rodada de negociações de paz sob o patrocínio da ONU.

[SAIBAMAIS]"Não esperamos uma solução (...), mas alguns avanços", declarou à imprensa o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que tenta há anos encontrar um fim para a crise.

Falando em uma coletiva de imprensa após o primeiro dia de discussões, o diplomata considerou que "as oportunidades são mais elevadas do que no passado". "Os astros começam a ser favoráveis", declarou.

"Podemos estar testemunhando uma fase de racionalização do conflito mais complexo que existe atualmente", acrescentou, mencionando o acordo russo-americano sobre um cessar-fogo no sul da Síria e a vitória sobre o grupo Estado Islâmico (EI) na cidade iraquiana de Mossul, enquanto as forças antijihadistas tentam recuperar Raqa.

Ele espera que essa "racionalização" do conflito leve a uma "desescalada", seguida por uma "estabilização" da situação após a reconquista de Raqa, principal reduto do EI na Síria.

A rodada, a ser realizada até 14 de julho, começou nesta segunda-feira de manhã com uma reunião entre de Mistura e a delegação do governo sírio. O mediador da ONU, em seguida, se reuniu durante um almoço de trabalho com os muitos representantes da oposição, incluindo os do Alto Comitê Sírio para as Negociações (HCN).

As negociações de Genebra são cada vez mais ofuscadas pelas discussões em Astana, no Cazaquistão, lideradas por Rússia e Irã, aliados de Damasco, e pela Turquia, que apoia a rebelião.

E, no domingo, o cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, que apoia alguns grupos rebeldes, Rússia e Jordânia, entrou em vigor no sul da Síria (nas províncias de Suweida, Deraa e Quneitra), novamente fora do quadro de Genebra.

Este acordo "tem grande potencial para se tornar realidade no terreno", considerou de Mistura, ressaltando que este poderia "ajudar a reduzir a tensão em uma área que estava se tornando tensa".

Ele esperava que "um acordo seja concluído o mais rápido possível" em outras áreas que têm sido discutidas em Astana, porque "isso poderia representar um apoio significativo ao processo político".

Desde 2011, a guerra na Síria fez mais de 320.000 mortos e forçou metade de sua população a deixar suas casas.

As discussões de Genebra se concentram em quatro pontos: na elaboração de uma nova Constituição, na governança - termo confuso para discutir uma transição política -, na realização de eleições e na luta contra o terrorismo.

A última rodada de negociações terminou em maio passado com poucos avanços. Staffan de Mistura explicou que "diferenças significativas" persistiam em "grandes questões".

A oposição síria insiste na saída do presidente Bashar al-Assad, algo que está fora de questão para o regime.

Dadas estas diferenças profundas, Yehia al-Aridi, um porta-voz do HCN que reúne os principais grupos da oposição, afirmou ter "expectativas modestas" para esta nova rodada.

No terreno, após a calmaria que prevaleceu no domingo no sul da Síria, no primeiro dia do acordo de cessar-fogo entre Estados Unidos e Rússia, o regime sírio lançou nesta segunda-feira um ataque contra os rebeldes em uma província no sul, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

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