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Aumenta pressão para que China liberte dissidente Liu Xiaobo

O opositor, de 61 anos, emblemático ativista pró-democracia, está hospitalizado em liberdade condicional, depois de passar oito anos na prisão para cumprir sentença por "subversão"

Agência France-Presse
postado em 13/07/2017 09:40
O opositor, de 61 anos, emblemático ativista pró-democracia, está hospitalizado em liberdade condicional, depois de passar oito anos na prisão para cumprir sentença por A China rejeitou mais uma vez nesta quinta-feira (13/7) as pressões internacionais para que autorize o dissidente Liu Xiaobo, que luta contra um câncer de fígado em fase terminal, a ser transferido e tratado no exterior. Na quarta-feira (12/7), Estados Unidos e Alemanha solicitaram a libertação do Prêmio Nobel da Paz de 2010, depois que o Hospital Universitário N;1 de Shenyang, onde está tratado, anunciou que o paciente apresentava um quadro de insuficiência respiratória.

O opositor, de 61 anos, emblemático ativista pró-democracia, está hospitalizado em liberdade condicional, depois de passar oito anos na prisão para cumprir sentença por "subversão". O dissidente expressou seu desejo de receber tratamento médico no exterior. Durante a coletiva de imprensa diária, o porta-voz da diplomacia chinesa pareceu incomodado com as perguntas da imprensa estrangeira sobre as pressões internacionais a favor de Liu Xiaobo.

Mobilização policial
"Já respondi a esta pergunta várias vezes. Volto a repetir: esperamos que os países envolvidos respeitem a soberania da Justiça chinesa e se abstenham de qualquer ingerência nos assuntos internos da China com o pretexto de defender um caso individual", declarou Geng Shuang.

[SAIBAMAIS]A família do dissidente rejeitou a respiração artificial, como informou ontem o Hospital Universitário n;1 de Shenyang. O hospital, que algumas horas antes anunciou que Liu, 61 anos, sofreu uma falência múltipla de órgãos, diz que o funcionamento do fígado se deteriorou apesar de três dias de tratamentos para combater a infecção.

As autoridades não quiseram informar o quarto onde o opositor está instalado, mas ao menos cinco policiais guardavam nesta quinta-feira as entradas da unidade de oncologia do centro hospitalar, além dos vários agentes patrulhando a parte externa do edifício.


A China se opõe à ideia de Liu Xiaobo viajar ao exterior para receber tratamento, alegando que seu estado de saúde impede a saída. Na semana passada, dois médicos ocidentais que visitaram o paciente avaliaram que ele teria condições de deixar o país. Neste contexto, grupos de defesa dos direitos humanos acusam as autoridades de desenhar um panorama alarmista para justificar sua negativa de permitir que o opositor deixe o país.

Isolados
O site do estabelecimento continua a ser a única fonte de informação do estado de saúde do ativista, cujo nome é um verdadeiro tabu no país. Sua esposa, Liu Xia, está junto com ele no hospital, mas não pode ser contactada pela imprensa, pois está sob prisão domiciliar desde 2010.

"Continuamos preocupados que o senhor Liu e sua família não consigam se comunicar com o mundo exterior e que ele não esteja livre para buscar um tratamento médico a sua escolha", disse na quarta-feira à imprensa a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee.

O governo americano pediu a Pequim que liberte o ativista e sua esposa para que ele possa receber o tratamento apropriado. O governo alemão também solicitou que a China permita que o dissidente deixe o país e se prontificou a tratá-lo.

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, fez a mesma proposta. Em caso de morte na China, Liu Xiaobo se tornaria o primeiro Nobel da Paz a morrer privado da liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que faleceu em 1938 em um hospital quando estava detido pelos nazistas.

Em 2009, o ativista foi condenado a 11 anos de prisão, acusado de "subversão" após reivindicar reformas democráticas no país. Foi um dos autores da chamada Carta 08, um manifesto que exigia a realização de eleições livres. Durante a cerimônia de entrega do Nobel em Oslo, em 2010, Xiaobo foi representado por uma cadeira vazia.

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