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Após críticas, Trump condena 'violência racista' em Charlottesville

Acusado por democratas e republicanos de ser indulgente com a extrema-direita depois dos distúrbios registrados na Virgínia, Trump prometeu "justiça"

Agência France-Presse
postado em 14/08/2017 14:49
Trump fala em coletiva de imprensa após manifestação racista em Charlottesville
Donald Trump, alvo de muitas críticas por sua reação morna ao ataque de supremacistas brancos em Charlottesville neste sábado (12/8) condenou energicamente o racismo, chamando grupos neonazistas e a Ku Klux Klan (KKK) de "repugnantes".
"O racismo é o mal", declarou o mandatário da Casa Branca. "E aqueles que provocaram a violência em seu nome são criminosos e bandidos, incluindo a KKK, os neonazistas, os supremacistas brancos e outros grupos que disseminam o ódio e são repugnantes a tudo que prezamos como americanos", completou.

Acusado por democratas e republicanos de ser indulgente com a extrema-direita depois dos distúrbios registrados na Virgínia, que deixaram uma mulher morta e 19 feridos em um enfrentamento entre supremacistas brancos e manifestantes antirracistas, Trump prometeu "justiça".

"Seja quem for que tenha atuado criminalmente na violência racista deste final de semana será plenamente responsabilizado. A justiça será feita", afirmou o presidente, após viajar para Washington no meio de suas férias para analisar o assunto com o procurador-geral Jeff Sessions e o diretor do FBI, Christopher Wray.

Até agora, Trump não tinha condenado diretamente os militantes de extrema-direta pelos ataques de Charlottesville, alguns deles com bonés ou camisetas com imagens do milionário.

O mandatário, que durante a campanha eleitoral recebeu apoio de proeminentes supremacistas brancos, tinha se limitado a culpar "ambas partes" envolvidas numa declaração no sábado de seu clube de golfe em Nova Jersey.

[SAIBAMAIS]Heather Heyer, de 32 anos, morreu quando um suposto simpatizante neonazista, James Field, de 20 anos, intencionalmente avançou com seu veículo sobre uma multidão que se opunha à marcha racista.

Field, originário de Ohio, segue preso após um juiz lhe negar a liberdade e enfrenta acusações de assassinato em segundo grau pelo ocorrido.


"Terrorismo interno"

O FBI e procuradores federais abriram uma investigação sobre o ocorrido em Charlottesville.

"Podem ter a certeza de que vamos acusar e avançar com a investigação para as acusações mais graves que se puder apresentar, porque isso é, inequivocamente, um ataque inaceitável e mau", disse Sessions nesta segunda-feira (14/8) à emissora ABC, destacando que o Departamento de Justiça busca todos os meios possíveis para apresentar acusações.

O ataque com o carro "entra na definição de terrorismo em nosso estatuto interno", afirmou.

Entre os feridos, dez continuavam hospitalizados sem risco de vida e nove tiveram alta, segundo informou o sistema de saúde da Universidade da Virgínia.

Dois policiais que participaram da operação de segurança em Charlottesville no sábado também morreram, mas por causa de um acidente com o helicóptero em que estavam.

Renúncia de assessor negro

A controvérsia em torno de Trump motivou, nesta segunda, a demissão de um importante executivo de seu posto de assessor econômico do presidente. Kenneth Frazier, CEO da gigante farmacêutica americana Merck, é negro e citou sua consciência pessoal ao anunciar sua demissão.

"Os líderes dos Estados Unidos devem honrar nossos valores fundamentais ao rechaçar claramente as expressões de ódio, intolerância e supremacia, que vão contra o ideal americano de que todas as pessoas são criadas iguais", disse. "Como CEO da Merck e por uma questão de consciência pessoal, sinto a responsabilidade de tomar posição contra a intolerância e o extremismo", escreveu Frazier no Twitter, lembrando que a força dos Estados Unidos vem de sua diversidade.

Trump não demorou a responder. Frazier "vai ter mais tempo para se dedicar a reduzir o preço totalmente abusivo dos medicamentos", tuitou.

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