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Polícia catalã confirma morte de autor de ataques em Barcelona

O terrorista usava um cinturão com falsos explosivos quando foi descoberto e teria gritado "Allahu akbar" (Deus é o maior, em árabe) antes de ser alvejado pelos policiais

Agência France-Presse
postado em 21/08/2017 13:54
O terrorista usava um cinturão com falsos explosivos quando foi descoberto e teria gritado
O suposto autor do atentado de Las Ramblas, em Barcelona, o marroquino Younes Abouyaaqoub, foi morto nesta segunda-feira (21/8) depois de uma intensa busca, anunciou a polícia catalã.
"Confirmamos que o indivíduo morto no incidente de Subirats é Younes Abouyaaqoub, autor do atentado terrorista em Barcelona", indicou a Mossos d;Esquadra, a polícia catalã, no Twitter.

O rapaz de 22 anos morreu em Subirats, 50 km a oeste da capital catalã, em uma zona muito pouco povoada.

A polícia enfatizou que continua realizando diligências para verificar se há mais pessoas na zona que possam ter ajudado o suspeito.

[SAIBAMAIS]"Aqui não vive quase ninguém, é um povoado de 300 habitantes. Está isoladíssimo de tudo", declarou à AFP Arnau Gómez, um morador da região, que vive a um quilômetro do local onde o suposto terrorista foi abatido. "Nas colinas há muitas casas de veraneio vazias, é fácil de se esconder", acrescentou.

O marroquino portava um cinturão de explosivos, que foi retirado dele por uma equipe de especialistas. Ainda não se sabe se era verdadeiro ou falso.

Abouyaaqoub foi assinalado pela polícia como o "autor do atentado de Barcelona de 17 agosto", por estar ao volante da van que atropelou intencionalmente uma multidão, deixando 13 mortos e 120 feridos.


Nova vítima

O motorista da van entrou na movimentada avenida de Las Ramblas em alta velocidade e atropelou várias pessoas por 500 metros. Depois do ataque ele conseguiu escapar e permaneceu foragido por dias.

De acordo com as imagens divulgadas nesta segunda-feira pelo jornal El País, Abouyaaqoub escapou ao atravessar o popular mercado de La Boquería, usando óculos escuros. Depois cruzou grande parte de Barcelona a pé, até a saída sul da cidade.

O chefe ds Mossos, Josep Lluís Trapero, contou que nesse local esfaqueou um espanhol que estacionava seu Ford Focus e fugiu de um controle policial. O carro foi encontrado abandonado, com seu proprietário, Pau Pérez, morto a facadas no interior do veículo.

Com a morte de Pérez, 34 anos, subiu para 15 as vítimas dos atentados de quinta-feira na Espanha, todas elas identificadas, segundo as autoridades.

Ao todo, foram sete mulheres e oito homens: cinco espanhóis, entre eles um menino de três anos, uma hispano-argentina, três italianos, dois portugueses, uma belga, um americano, um canadense e um menino australiano-britânico de 7 anos.

Epicentro extremista

Abouyaaqoub pertencia a uma célula de doze membros que participaram no duplo atentad de Barcelona e Cambrils, uma localidade costeira 120 kilómetros ao sul, onde uma mulher morreu e mais seis pessoas ficaram feridas.

Anteriormente, quatro integrantes foram mortos pela polícia em Cambrils e outros dois aparentemente morreram na explosão acidental em uma casa de Alcanar (200 km ao sul de Barcelona), quando preparavam explosivos para o uso em um ou vários atentados de maior envergadura.

A maioria dos suspeitos morava em Ripoll, um povoado no sopé dos Pirineus, 100 km ao norte de Barcelona, onde na madrugada desta segunda ocorreram novas revistas.

Depois do anúncio da morte de Abouyaaqoub, a polícia catalã confirmou que o imã dessa localidade, o marroquino Abdelbaki Es Satty, morreu na explosão de Alcanar. Es Satty era uma das figuras-chave da investigação, pois foi o doutrinador do integrantes da célula, todos muito jovens e sem antecedentes de terrorismo.

O religioso ficou preso na Espanha de 2010 a 2014 por tráfico de drogas, segundo as autoridades catalãs.

Depois residiu em Machelen, periferia de Bruxelas, entre janeiro e março de 2016,segundo o prefeito da localidade vizinha de Vilvorde, Hans Bonte.

O presidente da comunidade muçulmana Annour em Ripoll, Ali Assid, assegurou nesta segunda à cadeia SER que o imã "jamais passou uma mensagem radical, e se está por trás dos ataques, é porque tinha duas caras, uma na mesquita e outra fora dela".

Os especialistas situam esta região como o foco da atividade extremista na Espanha, com uma importante concentração de mesquitas salafistas, onde podem ocorrer esses processos de recrutamento.

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, fez um apelo à unidade, em um contexto de divisão entre Madri e Barcelona pelos anseios separatistas do executivo catalao, que quer organizar um referendo sobre a independência em 1o. de outubro.

"Se quisermos ser verdadeiramente eficazes contra o terrorismo, devemos estar unidos", escreveu Rajoy em artigo publicado em vários jornais locais.

Quatro dias depois, 48 pessoas continuam hospitalizadas, entre elas 8 em situação crí.tica e 12 graves, segundo o último balanço da Defesa Civil da Catalunha.

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