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Terremoto em Ischia deixa 2 mortos, 42 feridos e mais de 2 mil deslocados

Após 16 horas de trabalho intenso, as equipes de resgate retiraram nessa terça-feira três crianças que estavam presas sob os escombros de sua casa em Casamicciola, no noroeste da ilha

Agência France-Presse
postado em 23/08/2017 06:52
Roma, Itália - Dois mortos, 42 feridos e 2.600 deslocados. Este é o balanço do terremoto de magnitude 4.0 que fez tremer a turística ilha de Ischia, em frente ao litoral de Nápoles, informaram nesta terça-feira as autoridades italianas.

Após 16 horas de trabalho intenso, as equipes de resgate retiraram nessa terça-feira três crianças que estavam presas sob os escombros de sua casa em Casamicciola, no noroeste da ilha. "Ciro é o menino herói: salvou a vida de seus irmãos", comentaram os bombeiros que elogiaram sua valentia por proteger seus irmãos mais novos sob cama e usar um pedaço de pau para chamar a atenção dos socorristas.

Durante a noite, as equipes de emergência retiraram o pai e, depois, os outros dois filhos, Pasquale de 7 meses e Mattias, até culminar com o terceiro resgate após 16 horas. O pai das crianças contou à imprensa que estava na cozinha quando aconteceu o desabamento.

[SAIBAMAIS]Os meninos estavam em seu quarto, enquanto a esposa, grávida de cinco meses, estava no banheiro e conseguiu sair por uma janela. Ela foi a responsável por alertar as autoridades. Toda a família se salvou.

As autoridades de saúde informaram que as duas pessoas que morreram são mulheres, uma ao ser atingida pelo material que caiu de uma igreja e a outra soterrada sob as pedras que desmoronaram na casa em que vivia. No total 42 pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave.

O chefe do departamento de proteção civil, Angelo Borrelli, lamentou que as construções de Casamicciola e da vizinha Lacco Ameno, áreas muito povoadas durante a temporada de verão, tenham sido as mais afetadas pelo terremoto devido aos materiais de má qualidade com que foram edificadas.

Falha em segurança

Segundo os especialistas, os danos causados pelo movimento telúrico em Ischia foram excessivos porque as normas de segurança para as zonas sísmicas não foram respeitadas. Vários edifícios desabaram, e outros apresentavam rachaduras e danos após o terremoto relativamente fraco, o que gerou muita polêmica.

O ex-promotor de Nápoles Aldo de Chiara denunciou no jornal "Il Corriere della Sera" o elevado número de construções ilegais, realizadas em uma zona de intensa atividade sísmica, de origem vulcânica e apreciada como destino turístico internacional. Muitos turistas, entre eles os que preferiram passar a noite ao ar livre por medo das réplicas, começaram a deixar a ilha.

A proliferação de construções ilegais, realizadas a baixo custo com cimento misturado com areia do mar, foi denunciado pelo presidente da associação ecologista Legambiente, Michele Buonomo.

Em 1970 entraram em vigor as normas antissísmicas, que incluem o isolamento da base da terra ou a instalação de amortizadores para reduzir o impacto do terremoto, medidas que costumam ser descumpridas por seus altos custos.

O tremor aconteceu às 20H57 (18H57 GMT, 15H57 horário de Brasília), com epicentro localizado a 10 km da ilha. O principal terremoto foi seguido por 14 réplicas menores. O abalo aconteceu poucos dias antes do primeiro aniversário, na quinta-feira, do terremoto que deixou 299 mortos em Amatrice e em municípios vizinhos do centro do país.

Em outubro de 2016 e em janeiro 2017 três terremotos abalaram a mesma região.

Em plena temporada turística de verão, os restaurantes estavam lotados, e as lojas continuavam abertas no momento do terremoto. "Uma experiência terrível, tudo estava tremendo e as luzes se apagaram, as casas desmoronaram, eu tinha um nó na garganta, um pesadelo", escreveu a mulher.

A ilha de Ischia é cenário frequente de terremotos, o mais grave deles ocorrido em 1883, quando um tremor de 5,8 graus deixou mais de 2.000 mortos, incluindo a família do filósofo Benedetto Croce, que tinha 17 anos e foi resgatado dos escombros.

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