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Refugiados se amontoam na ilha grega de Samos

Cerca de 300 sírios, iraquianos, afegãos e africanos de vários países vivem em péssimas condições neste campo improvisado, situado em uma colina de oliveiras nesta ilha grega

Agência France-Presse
postado em 17/10/2017 15:48
Amanhece na ilha grega de Samos. Naween Rahimi, um afegão de Cabul, sai de sua tenda e lava o rosto com as últimas gotas de água que lhe restam na garrafa.

Cerca de 300 sírios, iraquianos, afegãos e africanos de vários países vivem em péssimas condições neste campo improvisado, situado em uma colina de oliveiras nesta ilha grega.

[SAIBAMAIS]Chegaram nos últimos meses junto com um novo fluxo de refugiados que saiu da costa turca aproveitando as temperaturas quentes, apesar do acordo entre União Europeia (UE) e Turquia, que freou drasticamente as chegadas.

Descalço, Naween coloca uma segunda camiseta para se proteger das temperaturas de outubro, que ficam perto dos 15; C.

"Chegamos na noite passada, 42 em uma pequena embarcação. Uns chineses me venderam uma tenda por 10 euros", explica em inglês este ex-intérprete do Exército americano no Afeganistão, de 28 anos, que veio junto com sua esposa.

Ao seu redor, em meio a um odor desagradável, várias crianças caminham entre lixo, sacolas e garrafas de plástico, e latas de comida vazias. A maioria delas usa sandálias, os mais sortudos têm meias.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que pediu ao governo grego que "acelere os preparativos para o inverno", "5.000 pessoas chegaram em setembro" às ilhas gregas, um aumento de 35% em relação a setembro de 2016, segundo um cálculo da AFP.

;O que fazemos aqui?;


"Não há banho, não há água, a comida não é boa para o bebê", lamenta em árabe a iraquiana Saura, olhando para seus três filhos, com idades de três a 10 anos.

Foram registrados no início de outubro. Mas sua primeira entrevista com o serviço de asilo grego está prevista para 3 de janeiro.

"O que fazemos aqui? E se começar a chover?", questiona-se Naween. Ele tenta ir para Londres, onde seu tio mora.

A 100 metros dali, os alambrados rodeiam o campo de acolhida oficial de Samos, completamente saturado: mais de 2.500 pessoas para 700 vagas. A imprensa tem o acesso proibido lá.

Os recém-chegados ao campo vizinho vão a cada dia ao centro oficial para buscar um litro e meio de água por pessoa, segundo Saura, e uma porção de comida.

"Estamos em um beco sem saída. Tem que deslocar os refugiados para a Grécia continental", adverte Manos Logothetis, médico coordenador do centro de prevenção de doenças (Keelpno), embora destaque que ainda devem respeitar o procedimento de asilo.

Além de Samos, outras quatro ilhas gregas do mar Egeu (Lesbos, Kos, Quíos e Leros) têm centros de acolhida, onde estão bloqueados 11.722 refugiados, para uma capacidade de 5.576.

No entanto, segundo o tratado UE-Turquia, a Grécia tem que manter em suas ilhas os refugiados enquanto não tiverem obtido asilo, um processo que pode ser muito longo.

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