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Mais de 200 mortos em cinco dias no Afeganistão, que sofre novo atentado

Em um período de cinco dias, foram registrados sete ataques no país

Agência France-Presse
postado em 21/10/2017 15:27
Cabul, Afeganistão - Um novo ataque suicida em Cabul deixou 15 mortos neste sábado (21/10), todos cadetes do exército, em um segundo atentado 24 horas após o ocorrido em uma mesquita xiita, o que já soma mais de 200 mortos nos vários atentados no Afeganistão desde a terça-feira (17/10).

Em um período de cinco dias, foram registrados sete ataques no país, dos quais cinco foram contra as forças de segurança.

Neste sábado, 15 cadetes do exército afegão morreram durante ataque de um homem-bomba, quando saíam da academia militar em um veículo. Quatro ficaram feridos, informou o ministro de Defesa, o general Daulat Waziri.

O atentado não foi imediatamente reivindicado.

Na sexta-feira, um atentado reivindicado pelo Estado Islâmico deixou 56 mortos e 55 feridos em uma mesquita xiita no oeste da capital.

Com a exceção desse último, a maioria dos ataques foram reivindicados ou atribuídos aos talibãs, que intensificaram suas ações nessa semana ao realizar quatro ataques na terça e quinta-feira contra setores do exército e da polícia no sul e sudeste do país.

"O ataque de hoje (sábado) mostra que os rebeldes estão desesperados e não podem vencer o campo de batalha", escreveram no Twitter esse sábado autoridades da operação de apoio da OTAN.

Soldados e policiais afegãos, até o momento mal treinados e equipados, continuam pagando o preço por isso.

Na quinta-feira à noite, ao menos 50 soldados morreram quando um veículo cheio de explosivos explodiu em sua base em Kandahar. Era o terceiro ataque em 48 horas. Na terça-feira os ataques ocorreram em Gardez e em Ghazni.

O balanço oficial de mortos nessas operações foi de mais de 120 mortos e 250 feridos, em sua maioria membros das forças de segurança.

Pressão dos talibãs


Os talibãs, que não registraram nenhuma vitória importante em sua "ofensiva de primavera", lançada no final de abril, logo aumentaram a pressão sobre as forças governamentais.

Em paralelo, as autoridades afegãs se depararam com os ataques do Estado Islâmico, que novamente atacou a minoria xiita na sexta-feira à noite em Cabul.

De acordo com o último balanço feito pelo ministério do Interior, 56 pessoas morreram, entre elas mulheres e crianças, e 55 ficaram feridas.

O homem-bomba foi de encontro a multidão, que participava de uma cerimônia religiosa, e se detonou em meio a eles nesta sexta-feira.

O grupo Estado Islâmico reivindicou o ataque.

Esse novo atentado é o décimo desde o verão de 2016 contra a minoria xiita no Afeganistão, segundo registros da AFP. A maioria desses ataques foram reivindicados pelo EI, que se instalou no país desde 2015.

Segundo Dahiul Haq Abid, vice-ministro de assuntos religiosos, o Afeganistão, país de maioria sunita, possui cerca de 10.000 mesquitas xiitas.

Durante muito tempo o governo comunicou não ser capaz de proteger todas elas. Por motivos de uma importante celebração religiosa xiita, a ashura, que acontece no fim de setembro, as autoridades religiosas se organizaram para reforçar a segurança.

Na sexta-feira, o responsável pelo ataque conseguiu bular o dispositivo de segurança existente na mesquita.

O ministro Abid reconheceu que os dispositivos de segurança são insuficientes perante tamanho nível de ameaça: "Agradecemos ao ministério do Interior, mas dois guardas por mesquita não é suficiente", declarou, requisitando um novo "plano que proteja as mesquitas e impeça os ataques".

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