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Hamas cede o controle da fronteira de Gaza com o Egito à Palestina

O ministro de Fronteiras da Autoridade Palestina, Nazmi Mouhanna, e seu colega do Hamas assinaram o acordo de transferência de responsabilidade, que faz parte do acordo de reconciliação concluído em 12 de outubro pelo Hamas e o Al-Fatah

Agência France-Presse
postado em 01/11/2017 10:15
Uma visão geral mostra uma área da cidade de GazaRafah, Territórios palestinos - O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza, cedeu nesta quarta-feira (1/11) à Autoridade Palestina o controle do ponto de passagem entre o território palestino e o Egito.

O acordo de reconciliação negociado no Egito estabelece que a Autoridade Palestina, entidade reconhecida pela comunidade internacional - o que prefigura um futuro Estado palestino independente - deve assumir o controle total de Gaza até 1o. de dezembro.

O ministro de Fronteiras da Autoridade Palestina, Nazmi Mouhanna, e seu colega do Hamas assinaram o acordo de transferência de responsabilidade, que faz parte do acordo de reconciliação concluído em 12 de outubro pelo Hamas e o Al-Fatah, as duas principais forças palestinas.

Em uma cerimônia oficial, Muhana assumiu formalmente o controle dos pontos fronteiriços de Rafah, com o Egito, e de Kerem Shalom, com Israel. Na fronteira entre Gaza e Israel, um fotógrafo da AFP constatou o desmantelamento das instalações do Hamas.

No terminal de Rafah, na fronteira com o Egito, bandeiras palestinas e egípcias foram hasteadas ao lado de grandes fotos dos presidentes palestino e egípcio, Mahmud Abbas e Abdel Fattah al-Sisi. Funcionários da Autoridade Palestina assumirão o controle total da fronteira, segundo Hisham Adwan, diretor de informação da administração de fronteiras do Hamas.

Nem verde nem amarelo
O Hamas assumiu o poder na Faixa de Gaza em junho de 2017, após confrontos com os integrantes do Al-Fatah, seu rival político dirigido por Abbas. Esta transferência dos pontos de fronteira era considerada um primeiro teste para o novo acordo, depois do fracasso de várias tentativas de reconciliação nos últimos dez anos.

"Não há verde ou amarelo. Todo o povo palestino está unido sob a bandeira palestina", afirmou o ministro d afirmou o ministro da Habitação, Mufid al-Hasayneh, aludindo às cores das bandeiras dos partidos adversários.

Israel impõe um boqueio à Faixa de Gaza há uma década, alegando que é necessário controlar o movimento Hamas, que considera - assim como os Estados Unidos ou a União Europeia - uma organização terrorista, e contra o qual já travou três guerras desde 2008.

O Egito, por sua vez, também fechou de forma regular sua fronteira com o encrave palestino. A passagem de Rafah não foi aberta na segunda-feira, apesar da transferência de seu controle para a Autoridade palestina. O Hamas espera que isso vá ocorrer nos próximos dias.

Os dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza padecem de uma situação humanitária deteriorada, com somente algumas horas de eletricidade por dia e escassez de água potável.

O acordo de reconciliação palestino gerou a esperança de uma abertura mais frequente da fronteira egípcia, o que poderá atenuar as carências da população. As principais facções palestinas se reunirão no Cairo no final do mês para negociar a formação de um governo de unidade.

Israel declarou que rejeitaria qualquer governo de unidade que incluísse o Hamas se este movimento não se desarmasse e reconhecesse o direito de existência do Estado judeu. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), dirigida por Abbas, reconheceu Israel, mas o Hamas ainda não.

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