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Candidato republicano ao Senado enfrenta denúncias de assédio a adolescente

Roy Moore é ex-juiz do Alabama, casado e pai de quatro filhos, negou as acusações

Agência France-Presse
postado em 10/11/2017 15:49

O candidato republicano ao Senado Roy Moore, ex-juiz e cristão evangélico ultraconservador, enfrenta acusações de assédio sexual a adolescentes, denúncias estas que, se confirmadas, devem levá-lo a abandonar a corrida eleitoral - declarou o presidente americano, Donald Trump, nesta sexta-feira (10/11).

Ex-juiz do Alabama, casado e pai de quatro filhos, negou as acusações.

[SAIBAMAIS]"Como a maioria dos americanos, o presidente acredita que não podemos permitir que uma mera acusação, que data de muitos anos neste caso, destrua a vida de uma pessoa", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, a bordo do avião presidencial, antes de Trump aterrissar no Vietnã para uma cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).

"O presidente também acredita, porém, que, se essas acusações forem verdadeiras, o juiz Moore fará o que é certo e se afastará" da candidatura, acrescentou Sanders.

Quatro mulheres disseram ao jornal The Washington Post que Moore tentou seduzi-las quando tinham 18 anos, ou menos, e ele estava entrando nos 30. Nessa época, trabalhava como procurador.

Leigh Corfman, hoje com 53 anos, contou em detalhes ao jornal como os dois teriam-se conhecido. Moore a viu um dia no tribunal, quando ela tinha 14 anos e, depois, teria arranjado encontros em casa, aos quais a então adolescente - seduzida, como ela conta - teria ido.

Segundo seu relato, na primeira vez, ele a beijou. Na segunda, tirou sua blusa e a calça. Moore teria ficado nu antes de tocá-la nas partes íntimas, ainda de calcinha, e pegado sua mão para que ela também o tocasse.

"Não estava preparada para isso. Nunca havia posto minha mão no pênis de um homem", desabafou Corfman, na entrevista ao Post.

Moore, agora com 70 anos, rejeita as acusações, que classificou como "notícias falsas" e disse que "vai lutar" e enfrentá-las.

Em um e-mail a seus seguidores, a campanha de Moore afirmou ainda que, se as acusações fossem verdadeiras, "teriam sido divulgadas muito tempo antes".

Assim como hoje, a maioridade sexual era de 16 anos, e os contatos seriam ilegais e passíveis de prisão. Crimes desse tipo prescrevem em três anos.

;Maria e José;

Ex-presidente da Suprema Corte do Alabama, o juiz Moore é um líder da direita religiosa e feroz opositor dos direitos dos homossexuais. Enfrenta o democrata Doug Jones em uma eleição especial do Senado prevista para 12 de dezembro para ocupar a vaga de Jeff Sessions, agora procurador-geral.

As acusações contra ele abalaram a classe política, a um mês da eleição nesse estado conservador, no qual os republicanos são, em geral, considerados favoritos.

"Se as alegações forem verdadeiras, deve se afastar", defendeu o líder da maioria no Senado Mitch McConnell, mesma opinião de outros republicanos de peso.

Enquanto isso, no Alabama, o auditor-geral, Jim Zeigler, recorreu a uma metáfora bíblica para comentar o caso.

"Olhem para Maria e José. Maria era uma adolescente, e José, um carpinteiro adulto. Juntos foram pais de Jesus", alegou, insistindo em que "não há nada de imoral, ou ilegal, ali".

Especialistas disseram a diferentes jornais americanos, porém, que o Partido Republicano e o próprio Moore poderão retirar seu nome da disputa, embora não esteja claro como isso poderá ser feito. A lei do Alabama proíbe substituir um candidato a menos de 76 dias da votação.

Sua substituição natural seria Luther Strange, derrotado por Moore nas prévias do partido em setembro. Ele era o candidato de Trump nas primárias.

Na matéria do Post, além de Corfman, outras mulheres testemunham contra o candidato. Gloria Thacker Deason contou que saiu com Moore em 1979, quando ela tinha 18 anos. Já Wendy Miller disse que Moore lhe pediu um encontro - na presença de sua mãe -, quando ela tinha 16 anos. A mãe da adolescente teria dito não.

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