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ONU adverte sobre maior resistência a antimicrobianos

A resistência antimicrobiana é um quebra-cabeça para as agências de saúde internacionais

Agência France-Presse
postado em 05/12/2017 14:59

A ONU advertiu nesta terça-feira (5/12) sobre um aumento da resistência aos antimicrobianos, favorecido pela disseminação de medicamentos e alguns produtos químicos no meio ambiente, que constitui uma grande ameaça à saúde.

Se esta tendência continuar, aumentará o risco da contração de doenças incuráveis pelos antibióticos atuais em atividades tão banais como nadar no mar, advertiram os especialistas reunidos em Nairóbi pela Assembleia da ONU para o Meio Ambiente.

Em um relatório publicado nesta terça e chamado "Frontiers 2017", os especialistas assinalaram que "a difusão no meio ambiente de componentes antimicrobianos provenientes de casas, hospitais e estabelecimentos farmacêuticos, assim como da atividade agrícola(...), favorece a evolução bacteriana e o surgimento de cepas mais resistentes".

"A advertência lançada por este relatório é verdadeiramente alarmante: os seres humanos poderiam participar do desenvolvimento de superbactérias devido a nossa ignorância e negligência", considerou Erik Solheim, diretor do Programa da ONU para o Meio Ambiente.

"Os estudos já relacionaram o uso inadequado dos antibióticos nos humanos e na agricultura nos últimos 10 anos à aparição de uma resistência crescente às bactérias, mas o papel do meio ambiente e da contaminação receberam pouca atenção", observou.

A resistência antimicrobiana é um quebra-cabeça para as agências de saúde internacionais. Em escala mundial, cerca de 700 mil pessoas morrem por infecções a cada ano.

Um relatório publicado em 2014 advertiu que as patologias resistentes aos antibióticos poderiam matar 10 milhões de pessoas daqui até 2050, o que seria a principal causa de mortes, à frente de doenças cardíacas e do câncer. Seu custo é estimado em 100 bilhões de dólares.

"Poderíamos entrar no que as pessoas chamam de era pós-antibióticos, ou iremos voltar aos anos antes de 1940, quando uma simples infecção (...) era muito difícil, ou impossível", de curar, explicou à AFP Will Gaze, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, coautor do relatório.

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