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Maduro se lança candidato e promete 'surra' na oposição da Venezuela

Maduro se inscreveu na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em meio a um grande aparato, contrastando com os trâmites de seus concorrentes

Agência France-Presse
postado em 28/02/2018 06:49
Caracas, Venezuela - Dançando reggaeton e prometendo dar uma surra em seus adversários, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se apresentou formalmente nesta terça-feira (26/2) como candidato às eleições de 22 de abril, que não terão a participação dos principais líderes opositores. "Todos com Maduro, lealdade e futuro" foi o refrão para a aparição do presidente no palco ao lado de sua mulher, Cilia Flores, diante da sede do Poder Eleitoral em Caracas.

"Estou mais pronto do que nunca para as batalhas que virão. Estou aqui porque sou um presidente do povo", aformou Maduro, que dançou com Cilia Flores no palanque diante de milhares de partidários.

Maduro se inscreveu na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em meio a um grande aparato, contrastando com os trâmites de seus concorrentes, o ex-governador chavista dissidente Henri Falcón, o pastor Javier Bertucci, o engenheiro Reinaldo Quijada, o empresário Alejandro Ratti e o militar Francisco Visconti.

[SAIBAMAIS]Segundo o Instituto Venezuelano de Análise de Dados, Falcón tem 24% das intenções de voto, contra 18% para Maduro, mas analistas avaliam que o militar da reserva, de 56 anos, não representa um risco real diante do controle institucional e social que o governo exerce.

Ao se inscrever nesta terça-feira no Conselho Eleitoral, Falcón pediu o adiamento das eleições, mas se declarou seguro de vencer Maduro, que chamou de "candidato da fome". "Exigimos a revisão do cronograma eleitoral. Acreditamos que é perfeitamente possível alterar (...) a data de 22 em função de outra data que dê verdadeiras possibilidades de organização e exercício da política" para "derrotar a abstenção", declarou.

Falcón, advogado, ex-prefeito e governador do estado de Falcón entre 2008 e 2017, foi ligado ao movimento que levou o finado Hugo Chávez ao poder em 1999, mas rompeu com o "chavismo" em 2010 mediante uma carta aberta na qual denunciou ter sido alijado por denunciar os erros da chamada "revolução bolivariana".

Maduro, que tentará se reeleger para ficar no poder até 2025, utilizou a Assembleia Constituinte para antecipar as eleições, provocando a saída da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) do pleito. A MUD abandonou a eleição alegando que não há garantias, mas pede a vários governos que pressionem Maduro para que haja eleições "limpas".

Na noite desta terça-feira, a MUD criticou a inscrição de Falcón, que "com este passo se afasta da Unidade e do sentimento democrático do povo venezuelano", declarou um porta-voz da Mesa da Unidade Democrática, integrada pelo Avanço Progressista, o partido do ex-governador.

Maduro disparou nesta terça-feira contra o veterano parlamentar opositor Henry Ramos Allup: "Ainda há tempo para se inscrever. Vou lhe dar um surra com dez milhões de votos. Inscreva-se, covarde" - desafiou. "Os candidatos da oposição têm todas as garantias eleitorais. A única garantia que não posso dar é que irão vencer as eleições, esta não é possível", ironizou o presidente.

"Vou iniciar uma nova economia, que satisfaça as necessidades do povo, um novo começo econômico", prometeu Maduro, que atribuiu a caótica situação econômica da Venezuela a uma guerra promovida pelos Estados Unidos e a direita local.

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