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Sarkozy é interrogado pelo 2º dia por suspeita de financiamento ilícito

O ex-presidente da França é suspeito de ter recebido 50 milhões de euros para financiar sua campanha, em 2007, do regime de Muamar Khadafi

Agência France-Presse
postado em 21/03/2018 11:30
Sarkozy e Kadhafi em 2007
Paris, França - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi interrogado nesta quarta-feira (21/3), pelo segundo dia consecutivo, sobre o suposto financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2007 com dinheiro do regime líbio, na época governado por Muamar Khadafi - informaram à AFP fontes próximas à investigação.

Sarkozy chegou pouco depois das 8h ao Escritório Central de Luta contra a Corrupção e as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) de Nanterre, na região de Paris.

O ex-presidente (2007-2012) foi detido na manhã de terça-feira para ser interrogado e liberado durante a noite.

Sarkozy, de 63 anos, pode permanecer em detenção provisória por até 48 horas. Ao final deste período, o ex-presidente pode ser liberado, convocado para uma data posterior, ou ter uma audiência com um juiz para um indiciamento formal.

O caso teve início em 2012, quando o jornal Mediapart publicou um documento do ex-diretor do serviço de Inteligência da Líbia, segundo o qual o regime de Muamar Khadafi aceitou financiar com 50 milhões de euros a campanha presidencial de 2007 de Sarkozy.

Brice Hortefeux, um político ligado a Nicolas Sarkozy e que foi seu ministro do Interior, também foi interrogado na terça-feira até o fim da noite, mas não foi detido.

"Estou depondo em uma audiência livre. As explicações permitirão encerrar uma sucessão de erros e mentiras", escreveu no Twitter.

Maletas de dinheiro em espécie

As suspeitas sobre Sarkozy se baseiam em testemunhos e operações obscuras, mas os juízes que investigam este caso há cinco anos ainda não obtiveram qualquer prova.

Em março de 2011, quando a França acabava de reconhecer a oposição do regime líbio como único interlocutor, o filho de Khadafi, Seif al Islam, lançou a primeira acusação: "Sarkozy deve devolver o dinheiro". A afirmação foi feita sem a apresentação de provas.

Outro testemunho capital é o do suposto intermediário dessas operações, o franco-libanês Ziad Takieddine.

Em entrevista em 2016 ao Mediapart, ele admitiu ter entregue três malas cheias de dinheiro em espécie do líder líbio em 2006 e em 2007 para ajudar Sarkozy a chegar ao Eliseu.

Nicolas Sarkozy sempre negou as acusações.

Os magistrados investigam essas alegações, assim como uma transferência estrangeira de 500.000 euros para Claude Guéant, aliado de Sarkozy, em 2008, e a venda de uma mansão no sul da França, em 2009, para um fundo de investimento líbio administrado por Bashir Saleh, ex-secretário particular de Khadafi, por um preço supostamente inflado.

Segundo a agência anticorrupção francesa, durante a campanha presidencial de 2007, circularam quantias importantes de dinheiro em espécie na equipe do então candidato.

"Todo o mundo vinha recolher seu envelope", contou um ex-funcionário da campanha no informe do órgão anticorrupção, ao qual a AFP teve acesso.

O tesoureiro de campanha Eric Woerth afirma, porém, que esse dinheiro foi fornecido por doadores anônimos.

Esta não é a primeira vez que Sarkozy é interrogado em um caso judicial. Em julho de 2014, foi o primeiro ex-presidente francês a ser detido para interrogatório em um caso de suspeita de tráfico de influência.

Também é citado em outros casos. Foi liberado em alguns, mas pode ir a julgamento por outros.

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