Politica

Deputados lavam as mãos no caso Cristiano

Se depender da Câmara Legislativa, o flagrante do petebista dirigindo na contramão e aparentando embriaguez será esquecido

postado em 03/05/2008 10:22
Deputados distritais evitam comentar publicamente o episódio relacionado ao colega Cristiano Araújo (PTB), supostamente flagrado por policiais militares numa via pública dirigindo na contramão e com aparência de embriaguez. Se depender da Câmara Legislativa, o assunto será esquecido, a não ser que investigações do Ministério Público e da Corregedoria da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal confirmem suspeita de que Cristiano usou a prerrogativa de parlamentar para não responder a processo por crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro. O presidente da Câmara, Alírio Neto (PPS), afirma que a Casa só poderá tomar providências se for provocada por alguma representação, ou seja, se algum cidadão pedir a abertura de processo por quebra de decoro. O líder do governo, Leonardo Prudente (DEM), afirma que só tomou conhecimento de que Cristiano Araújo se envolveu num problema no trânsito pelos jornais. ;Nem sei se nesse caso há alguma relação com decoro. Apenas nessa hipótese haveria alguma discussão na Câmara Legislativa, mesmo assim se alguém tomar a iniciativa;, explica o distrital. Nem mesmo os distritais da oposição têm se empenhado em apurar o episódio relacionado ao deputado da base do governo. O líder do PT, Cabo Patrício, considera a denúncia grave, mas avalia que o melhor caminho é deixar a investigação na esfera do Ministério Público. Sua maior preocupação é prejudicar os policiais militares que participaram da abordagem ao parlamentar, na madrugada de 22 de novembro. ;Eles sofrem uma pressão para cumprir uma ordem de um oficial. Não podem ser responsabilizados agora;, diz Patrício, referindo-se aos PMs que liberaram Cristiano sem uma ocorrência policial. Polícia Militar Registro do computador da Polícia Militar mostra que Cristiano dirigia sua Toyota Hilux numa via próxima ao Conjunto Nacional Brasília (CNB), na contramão, e ;aparentemente embriagado;, ;sem condições de conduzir veículo; na rua. Cristiano teria telefonado para o então chefe da Casa Militar, coronel Edson Soares de Lima. O parlamentar passou o telefone para os policiais que conversaram diretamente com o oficial. Este pediu que o distrital fosse levado para casa, no Lago Sul. Num processo de rotina, os policiais militares teriam levado Cristiano para uma delegacia de polícia para registrar ocorrência. Ele seria submetido a exame, para comprovar se estava ou não alcoolizado. A abordagem poderia resultar numa denúncia por crime previsto no artigo 306 do Código de Trânsito. Cristiano tem outra versão para o ocorrido. Ele diz que estava a caminho de casa depois de um jantar com amigos, quando se sentiu mal e pediu a ajuda de uma patrulha da Polícia Militar. O deputado, então, teria pedido para ser levado para casa porque estava sem condições de dirigir, mas não estava na contramão. Como os policiais se negaram a transportá-lo, Cristiano telefonou para o coronel Edson para pedir uma intervenção. Os policiais atenderam o pedido do oficial e levaram Cristiano para a residência dele. O deputado sustenta que existe uma armação política para prejudicá-lo, já que o episódio teria sido distorcido no registro da Polícia Militar. O caso veio à tona, depois de cinco meses, porque um policial militar acessou o registro no computador da corporação, emitiu o documento e o entregou ao ex-deputado Silvio Linhares, que denunciou o caso em seu programa de rádio na última quarta-feira.

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