Politica

CPI dos Grampos: Félix elogia Lacerda

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postado em 03/09/2008 08:49
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, negou nesta terça-feira (02/09), em depoimento à CPI dos Grampos da Câmara, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), como instituição, tenha feito grampo ilegal da conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, com o senador Demostenes Torres (DEM-GO). ;Não, certamente não. A Abin, como instituição, não faz e não fez essas coisas;, afirmou o ministro do GSI. A conversa grampeada entre Gilmar e Demostenes, confirmada por ambos, foi revelada pela revista Veja neste fim de semana, que atribuiu a ação à Abin.

O general Jorge Félix, porém, não desconsiderou a participação de agentes da agência nesse grampo sem o conhecimento da cúpula. ;Não descarto nenhuma hipótese, nem mesmo essa. Os servidores da Abin são humanos, sujeitos a erros;, afirmou ele, para quem essa hipótese tem ;grau de probabilidade baixo;. O ministro da GSI disse que a escuta ilegal contra autoridades pode ter sido feita por uma pessoa que não é funcionária pública.

O ministro da GSI admitiu que a agência comprou, em conjunto com Exército, um equipamento para fazer varreduras e que também poderia realizar grampos. ;O que afirmo é que foi comprado como equipamento de varredura. Se permite (funções) complementares, vamos fazer essa perícia;, declarou.

Num depoimento sem revelações, Jorge Félix fez questão de elogiar o diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, afastado anteontem do cargo durante as investigações conduzidas pela PF sobre o caso. Para ele, Lacerda, a quem externou ;inteira confiança;, é um dos homens públicos que tem ;uma das mais belas folhas de serviços prestados; no país.

Cooperação
Repetindo o que o chefe da Abin dissera em depoimento à CPI há duas semanas, Félix afirmou que a participação de servidores da agência na Operação Satiagraha, deflagrada em julho pela Polícia Federal, restringiu-se à pesquisa de dados em fontes abertas e busca de endereços. Segundo ele, essa atuação informal de agentes na operação, sem conhecimento da cúpula da PF, não causou desconforto. ;É uma coisa natural;, declarou.

O ministro do GSI confirmou que, em meados de julho, o secretário-executivo da pasta, João Roberto de Oliveira, foi procurado pelo chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, para obter informações sobre a Satiagraha. Foi ele quem contou uma história cobertura a Félix, que repassou a história ao chefe de gabinete de Lula. ;Foi uma solicitação até inusitada;, comentou.

Influência
Para ele, não há disputa de poder entre a PF e a Abin. ;Há complementaridade. A relação tem altos e baixos, mas não considero nenhum tipo de crise ou disputa de influência entre as duas organizações. Se há, está superada;, afirmou.

O ministro da GSI contou que a Abin tem uma ;grande; autonomia operacional para atuar. Jorge Félix disse que conversa, pelo menos, duas vezes por semana com a cúpula da Abin para receber informações dos trabalhos da agência. Félix revelou que há no mínimo quatro casos em que agentes sendo investigados por terem feitos escutas telefônicas ilegais. Desses, segundo disse, houve um caso em que os servidores foram condenados pela Justiça em primeira instância, mas continua trabalhando na Abin porque ainda não houve condenação definitiva.

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