postado em 12/09/2008 09:19
Estudo inédito da consultoria legislativa da Câmara dos Deputados concluiu que há uma banalização no uso de grampos no paÃs. O trabalho, encomendado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) a pedido do Correio, indicou que há sinais de "relaxamento" de autoridades nos procedimentos utilizados para solicitar, autorizar e acompanhar as interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. ;Os vazamentos confirmam esse afrouxamento de controles. Entendemos que há banalização;, destaca trecho do documento.
A consultoria compara o volume de escutas legais feitas no Brasil ao de outros paÃses, como Estados Unidos, Itália, França e Alemanha. Apesar de as fontes utilizadas como base para o estudo e as datas de coleta serem diferentes, de acordo com a realidade de cada paÃs, os dados revelam que, seja qual for a comparação, no Brasil se grampeia muito mais.
Considerado o total de escutas informadas pelas operadores de telefonia à CPI dos Grampos ; 409 mil em 2007 ; conclui-se que o número é 180 vezes maior que nos Estados Unidos, onde foram feitas 2.208 interceptações no perÃodo. Rigoroso, o paÃs publica relatórios anuais sobre o tema. O mesmo não ocorre em outras nações ; inclusive no Brasil, em que só agora o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) resolveu criar uma central para monitorar as escutas.
Na Itália, que usou o instrumento para pôr integrantes da máfia na cadeia, os grampos aumentaram nos últimos anos, mas o patamar ainda está bem abaixo da realidade brasileira. De acordo com dados do governo italiano e da European Digital Rights (publicação quinzenal sobre direitos civis digitais), o número de interceptações passou de 32 mil em 2001 para 77 mil em 2003.
A estimativa é que em 2004 houve 100 mil grampos ; 172 interceptações para cada 100 mil habitantes. Em 2007, o total foi de 124 mil. Na Alemanha, de acordo com a publicação The Ready Guide to Intercept Legislation (compilação feita por uma empresa privada norte-americana sobre as legislações de 31 paÃses), houve aumento de quase 500% nas interceptações em uma década. O total saltou de 4,7 mil em 1994 para 29 mil em 2004.
Ouça a entrevista com o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), disse que há uma banalização das escutas telefônicas no paÃs. A pedido do Correio, ele encomendou à consultoria legislativa da Câmara um estudo comparativo entre o volume de grampos no Brasil e em outros paÃses