Politica

Candidatos mortos em campanha este ano

Assassinatos de políticos, às vésperas das eleições municipais, colocam autoridades do país em alerta máximo. Até agora, houve 20 homicídios. A maior parte dos crimes ocorreu no Nordeste

postado em 29/09/2008 08:00
A menos de uma semana das eleições municipais, a violência em algumas regiões do país está assustando as autoridades. Do início das campanhas até a última sexta-feira, 20 candidatos foram assassinados ; a maioria no Nordeste, onde o clima é mais tenso. Enfrentamentos diários entre partidários de candidatos diferentes levaram o Ministério Público a pedir o envio de tropas antes do pleito. No Ceará, por exemplo, 5 mil homens das polícias Militar, Civil e Federal foram convocados para levar tranqüilidade a 30 cidades onde não existem delegados ou investigadores. Nas últimas semanas, quatro pessoas foram assassinadas em Pernambuco, estado recordista na lista de mortes durante a campanha eleitoral. Todos os crimes estavam diretamente ligados às eleições. Foi o caso do candidato a prefeito de Saloá, Fernando Luiz Soares de Melo, morto a tiros na frente do filho de 17 anos. No início do mês, o índio Mozani Araújo de Sá foi morto em frente ao comitê de campanha, em Cabrobó, cidade localizada no chamado Polígono da Maconha. No último levantamento feito pelo Correio, em 5 de setembro, o número de mortos era de oito. Porém, 20 dias depois, mais 12 pessoas morreram por causa da violência. Nesse caso, apenas dois candidatos assassinados teriam sido vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte). O policial civil Pedro Marcelo de Oliveira Lima foi supostamente morto por um assaltante em Porto Velho (RO), onde ele concorria a uma vaga de vereador pelo PRB. Oscar Abreu Alencar (PT do B) também teria sido vítima de ladrões no Paraguai, onde estava fazendo compras. Na semana passada, os ministérios públicos no Ceará e Sergipe decidiram pedir antecipadamente o envio de tropas para vários municípios. "Antes isso era feito apenas no dia das eleições, mas o problema está ficando sério por não haver policiais em algumas cidades", explicou a procuradora da República em Fortaleza, Nilce Cunha Rodrigues. Segundo ela, apesar de não terem sido registradas mortes no estado, há relatos de agressões entre partidários de candidatos no interior cearense. "Há muita intranqüilidade", disse a procuradora. Em Icó, a 450 km de Fortaleza, cenas inusitadas preocuparam policiais que foram enviados para o município. Pessoas vestidas com roupas ninja atacam adversários políticos no meio da rua. "Já enviamos a Polícia Federal para o local. Não há tranqüilidade à noite", explicou Nilce. Segundo ela, em outras cidades o problema é semelhante, com agressões mútuas entre candidatos. Em Uruburetama, partidários se enfrentaram com paus e pedras após a realização de um comício. Em Iguatu houve tiroteios e em Fortim um candidato sofreu um atentado. Além de Pernambuco, com quatro mortes, o Rio de Janeiro teve três assassinatos de candidatos durante a campanha eleitoral. Paraíba, Goiás, São Paulo e Pará tiveram duas mortes cada. Em Rondônia, no Rio Grande do Sul e no Piauí houve três mortes, uma em cada estado. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tem uma lista oficial com o número de assassinatos, o que dificulta comparativos com anos anteriores. O TSE contabiliza apenas o número de candidatos que já morreram (106 até o dia 25 de setembro), mas sem especificar o motivo da morte. Nas eleições de 2004, 159 candidatos morreram, também de acordo com o tribunal. Para reforçar a segurança nas eleições, o TSE já autorizou o envio das Forças Armadas para 122 municípios em cinco estados. Em 2004, foram enviadas tropas para 306 municípios em 10 estados. (Colaborou Mirella D;Elia)

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