Politica

Ministros se desdobram para reforçar campanhas

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postado em 29/09/2008 17:49
No rastro da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de longe o mais disputado cabo eleitoral dessas eleições municipais, vários ministros estão tendo de se dividir para atender as demandas de candidatos que buscam reforço para suas campanhas. Para evitar problemas com a justiça eleitoral e nem serem acusados de estar negligenciado o trabalho na Esplanada dos Ministérios, alguns deles optaram por tirar férias para se dedicarem às campanhas. Entre eles estão os ministros Carlos Lupi (Trabalho), Orlando Silva (Esportes), Tarso Genro (Justiça), Hélio Costa (Comunicações) e Márcio Fortes (Cidades). Preocupado com as conseqüências futuras desse engajamento em massa do presidente e seus ministros nas campanhas, especialmente na relação do governo com aliados derrotados nas eleições, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, desistiu de se afastar por dez dias, como planejara inicialmente para ajudar candidatos em Pernambuco. "Eu fui voto vencido dentro do governo. Achava que nenhum ministro deveria participar das campanhas municipais, mas o presidente liberou e cada um faz o que quer. Eu me limitei a fazer campanha em Pernambuco e toda vez que intervi, liguei para os adversários para avisar e conversar previamente justamente para não deixar seqüelas", explicou Múcio. "Meu papel é conciliar, por isso desisti de ficar fora dez dias. Qualquer movimento meu fugiria dessa conciliação",a firmou. A baixa no restante da Esplanada dos Ministérios, porém, foi grande nessa reta final de campanha. O ministro Carlos Lupi, como presidente licenciado do PDT, entrou de férias no último dia 15 e tem dividido o tempo livre entre gravações para aliados e viagens a municípios de praticamente todos os estados. Orlando Silva se licenciou para reforçar as candidaturas do PCdoB, especialmente no Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo. Outro que também saiu de férias, mas só ficará fora de Brasília uma semana, é o ministro da Justiça. Embora a demanda seja grande em todo o país, ele aproveitará essa última semana de campanha para "palmilhar" seu estado, o Rio Grande do Sul. Na capital, Porto Alegre, seu coração fica dividido entre a candidata do PT, Mária do Rosário, e a do PSOL, sua filha Luciana Genro. "Eu e minha filha somos pessoas de partido. Tenho grande admiração por ela, mas temos posições políticas diferentes. Por isso, estou trabalhando pela Maria do Rosário, que deve crescer nessa reta final da campanha", aposta Tarso Genro. Até a última segunda-feira, o ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, enfrentava uma maratona de tirar o fôlego. Começava o dia gravando depoimentos a pedido de candidatos de seu partido, o PP, ou de coligações envolvendo a legenda. Segundo ele, gravava entre 6h30 e 8h, no horário de almoço e após as 19h. Nos fins de semana, viajava o país inteiro, com o trunfo de ter seu nome ligado a projetos de habitação, saneamento e transporte público. Assessores contam que, num único dia, Fortes de Almeida visitou sete municípios no Paraná. O ministro explica que sua intenção é atender a candidatos do país inteiro, e não apenas de seu estado, o Rio de Janeiro. "Gravo mensagem para quem me pede", disse. Uma das surpresas desta campanha, já que era mais conhecido por seu perfil técnico, o ministro das Cidades entrou de férias semana passada para "rodar pelo Brasil". A agenda dele foi pesada nos últimos dias: Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Rio, Alagoas, Pernambuco e Bahia. Nas cidades do Rio costuma estar sempre ao lado do senador Francisco Dornelles, do seu partido. Gestor de um dos maiores orçamentos da Esplanada, a demanda pelo ministro das Cidades é grande não apenas nos convites, mas também nos pedidos para que não vá onde aliados estão em disputa. "Eles dizem que posso atrapalhá-los, desequilibrar suas campanhas", conta. O ministro nega que a participação intensa na campanha faz parte de projetos políticos futuros ; como, por exemplo, disputar um mandato de deputado federal em 2010. Justifica que é porque conhece boa parte dos candidatos do país, uma vez que participa freqüentemente de reuniões da Frente Nacional dos Prefeitos. Nos seus atos de campanha, Fortes não fala sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Prefere ver sua imagem associada à habitação e saneamento básico. Os políticos dizem que, quando sobe no palanque, o ministro de transforma. "Tem gente que diz que passo por uma metamorfose, que me transformo totalmente nos palanques. Agito mais do que qualquer animador de auditório. Canto, puxo refrões, converso com a platéia, peço às pessoas para fazer perguntas. Dizem que tenho energia demais", concorda.

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