Politica

Liderança de Kassab sobe

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postado em 26/10/2008 08:46
Se a maré não virar, Gilberto Kassab (DEM) termina este domingo (26/10) como prefeito reeleito da principal capital do país. Depois de entrar na disputa como um estreante condenado a fazer figuração de luxo para o embate entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT), o prefeito chega ao teste final das urnas disparado na liderança pela preferência dos mais de 8,2 milhões de eleitores paulistanos. Caso a vitória se confirme, Kassab não leva para casa apenas o posto mais cobiçado pelas siglas partidárias nas eleições municipais. Ganha também status como nova liderança em ascensão, dá lastro para o ressurgimento do vigor de seu próprio partido, o antigo PFL rebatizado como DEM, e mais: consolida-se como uma espécie de porta-voz das forças políticas contrárias ao PT em São Paulo, cujo maior objetivo, desde o início da corrida eleitoral, tem sido preparar o caminho para fazer do governador José Serra (PSDB) o candidato de consenso na tentativa de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sucessão de 2010. Essa é a história que poderia ser contada sobre as eleições na capital paulista este ano, segundo analistas políticos. Embora os principais candidatos tenham batido na tecla do debate sobre ;a gestão da cidade;, o discurso foi nacionalizado e a polarização entre os projetos do PT e do PSDB para o país esteve presente nos quatro meses de um confronto já considerado como um dos mais agressivos entre os assistidos pelos paulistanos nas últimas décadas. O prefeito Kassab elegeu-se vice na chapa encabeçada por Serra no fim de 2004, quando Marta Suplicy perdeu a reeleição para o cargo de prefeita da capital. Em 2006, o tucano renunciou, embora tivesse prometido cumprir o mandato como prefeito. Serra concorreu e venceu as eleições para o governo do estado, deixando na prefeitura o pupilo democrata. Nascia ali o projeto de manter a dobradinha PSDB/DEM para este ano, quando Serra pretendia bancar o nome de Kassab como candidato a ser apoiado pelo PSDB. O ex-governador Alckmin bateu o pé e pareceu frustrar o plano da dupla Serra/Kassab. O PSDB, rachado, viveu a maior sangria pública de sua história e Alckmin perdeu. Nas urnas para Kassab. No PSDB, para Serra. O democrata, que entrou no páreo com cerca de 10% da preferência do eleitorado, atropelou seus adversários ainda no primeiro turno, quando bateu a então favorita Marta. Kassab manteve a onda crescente na estréia do segundo turno e abriu logo15 pontos de vantagem sobre a adversária petista, que recorreu a todo tipo de estratégia para recuperar o eleitorado indeciso que, rapidamente, parecia aderir à campanha democrata. Kassab chega às urnas com apoio da classe média e dos partidos que se dizem, neste momento, apoiadores do recordista de popularidade Lula, mas antipetistas. Marta tem a preferência nas comunidades mais pobres, apoio dos partidos de esquerda e centrais sindicais e, desde sexta-feira (24/10), tenta esboçar alguma reação inteligente. Kassab mal disfarça a sensação de vitória e já a anunciou. Ao contrário de Serra, garante não renunciar para disputar o governo do estado em 2010: ;É chance zero;. Promessa de afilhado. Ordem é evitar ;já ganhou; No QG do prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM), a ordem é manter a concentração e evitar erros até o fechamento das urnas. Ninguém está autorizado a cantar vitória, dizem os coordenadores de campanha. Apesar disso, Kassab deixou os estúdios da Rede Globo na sexta-feira (24/10), após o último debate da campanha, e prestigiou dois eventos festivos. Primeiro, passou na festa de despedida da produtora que fez seus programas no horário eleitoral. Depois, seguiu para a casa de seu coordenador de programa de governo, Guilherme Afif Domingos, onde houve um jantar reunindo o governador José Serra (PSDB), o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, o presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen, e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), entre outros pesos pesados. Assessores do prefeito negaram ter sido uma festa da vitória antecipada. Nesse sábado (25/10), ao caminhar pelo bairro da Liberdade, centro, o prefeito vestiu quimono, reafirmou a confiança nas urnas e aceitou colocar uma faixa na testa, onde se lia, em japonês, a palavra ;vitória;. Informado sobre a tradução, Kassab arrancou a faixa na mesma hora.

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