Politica

Jobim defende anistia a oficiais

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postado em 06/11/2008 09:00
Durante o discurso que fez nesta quarta-feira (05/11) no Clube Naval para saudar o lançamento da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu a tese de que a lei de anistia deve ser aplicada também aos oficiais das Forças Armadas que combateram os guerrilheiros de esquerda durante a ditadura militar e hoje são acusados pela prática de tortura. Jobim não citou diretamente o assunto, mas lembrou a presença do deputado José Genoino (PT-SP), ex-guerrilheiro do Araguaia e um dos principais articuladores da frente, para mandar o recado: ;Nós não estamos falando com o passado. Nós estamos na busca de um grande ajuste de contas do Brasil com o seu futuro;. Na presença do presidente do Congresso, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), e de vários deputados, Jobim comemorou a formação da frente parlamentar presidida pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE): ;A formação dessa frente, multipartidária, onde se encontra a esquerda e a direita, frente que se encontra alguém que foi preso pelas Forças Armadas no período militar e que também se encontra aqueles que afirmavam a necessidade daqueles atos;. Ao mandar o recado, o ministro lembrou o deputado falecido Ulisses Guimarães que dizia: ;Quem pensa pequeno fica pequeno. É o momento de pensar com grandeza para afirmar que este país é um grande país no Mundo. Estamos tratando das nossas convergências que se chama Brasil;. O discurso do ministro foi feito antes do almoço entre parlamentares, os comandante das três Forças Armadas e os generais de quatro estrelas que formam o alto comando do Exército, entre eles o comandante da Amazônia, general Augusto Heleno, e de outros oficiais que combateram os militantes da esquerda brasileira durante o regime fardado. Cinco generais do alto comando do Exército presentes à solenidade e que na época combateram os militantes das organizações de esquerda comentaram reservadamente com o Correio que a lei de anistia deve ser cumprida sem questionamentos. ;A lei deve ser cumprida inteiramente. Nós obedecemos todas as leis, mesmo que elas nos desagradem;, comentou um general. Também participaram do almoço o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), dirigente do partido que organizou a Guerrilha do Araguaia, e o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), antigo militante clandestino em Brasília durante a ditadura militar quando era médico no hospital de Taguatinga. O discurso de Jobim rebate as críticas e as opiniões dos ministros da Justiça, Tarso Genro, e seu colega da secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi. Os dois defendem a punição de oficiais da reserva das Forças Armadas acusados pelo Ministério Público de São Paulo de torturas. Antes do discurso, Jobim disse que o debate sobre a reinterpretação da lei de anistia é assunto, no Executivo, da Advocacia-Geral da União (AGU) ; que contestou a ação do MPF paulista contra os coronéis da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra e Audir dos Santos Maciel, já falecido ; e será definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). ;Temos que aguardar a decisão;, disse o ministro. O comandante do Exército, general Enzo Peri, comentou que a lei de anistia é para ser cumprida. Ouça áudio com trechos do discurso de Nelson Jobim:

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