postado em 14/01/2009 08:53
Quem passou ontem pela Câmara tomou um susto. Em vez da tranqüilidade das férias de janeiro, ouviu-se gritaria, ofensas e ameaças. A agressividade dos servidores efetivos nem de longe assemelhou-se à postura discreta e invisÃvel que muitos adotam durante o ano. ;Covardão; e ;otário; foram alguns dos adjetivos proferidos na assembleia-geral do Sindilegis. Pelo menos 500 filiados interromperam o descanso para pedir a renúncia do presidente da entidade, Magno Mello, e até mesmo de toda a diretoria, que abandonou a reunião depois da proposta de moção de impeachment.
Os filiados adotaram um discurso ambÃguo ao receber a decisão tomada ontem pela Mesa Diretora da Câmara: não gostaram nem um pouco de perder o adicional de especialização, inclusive a bolsa-chefia, mas comemoraram a revogação da transferência da gestão do plano de saúde para o Sindilegis. Os servidores vinham criticando Magno Mello por ter fechado um acordo com o comando da Casa para assumir a gestão do plano de saúde e incluir desta vez os 12 mil funcionários de confiança.
Os servidores efetivos, que prestaram concurso público, não suportam os colegas comissionados, donos de vagas preenchidas por indicação. E, ontem, fizeram questão de expor esse sentimento. Em votação à tarde, aprovaram, simbolicamente, o que o comando da Câmara já havia feito pela manhã: a assistência médica continua como está, nas mãos do Pró-Saúde, criado pela Casa para cuidar do setor destinado aos efetivos. Que se arrume dinheiro para inserir os comissionados, pensam os filiados. Em relação à bolsa-chefia, eles prometem elaborar uma proposta de negociação nas próximas semanas ou até mesmo ir à Justiça para cobrar o benefÃcio criado para quem tem qualificação acadêmica e chefes que não passaram pela sala de aula.
Confusão
Magno Mello até tentou presidir a assembleia, mas foi expulso pelos servidores sob gritos de ;fora;, ;renúncia;. O presidente do Sindilegis chegou a anunciar a renúncia aos jornalistas logo depois: ;Sou ex-presidente;. Mais tarde, voltou atrás com o discurso de que ;não foge de briga;. ;Essa diretoria não foi eleita no grito e não vai sair no grito;, disse, abraçado à filha, que faz estágio na Câmara.
O sindicalista negou a tentativa de privilegiar a prestadora de serviços de saúde Amil para assumir os planos de assistência dos servidores, hoje estimado em R$ 43 milhões anuais. ;A nossa proposta era boa, não prejudicava ninguém, não desviava recursos. Pode quebrar sigilo telefônico, bancário, não tenho um tostão furado de quem quer que seja;, disse ele, que levou um funcionário de uma consultoria ligada ao setor para a reunião da Mesa Diretora de semana passada. Em discursos acalorados, servidores acusavam Magno Mello de tentar tirar vantagem com dinheiro público e aprovaram uma moção pedindo a renúncia dele.
Ouça: áudio com o presidente do Sindilegis, Magno Mello