Politica

PT paulista fecha com Dilma

;

postado em 15/02/2009 10:42
São Paulo ; Foi com um jantar em plena noite de sexta-feira 13 que a cúpula do PT paulista deu sua bênção à provável candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A semana em que a ministra manteve-se em evidência a ponto de incomodar a oposição terminou com uma elegante recepção na casa da ex-ministra do Turismo Marta Suplicy, na qual cerca de 60 expoentes da legenda em São Paulo afinaram o discurso e começaram a dar lastro partidário à preferida de Lula para a disputa da corrida de 2010. Os caciques paulistas negaram resistências manifestando reiteradas vezes a unidade em torno de Dilma. A ministra retribuiu no mesmo tom, fazendo rasgados elogios à história do PT e ao significado da legenda para sua geração. A presença de representantes das três instâncias partidárias e das diferentes correntes internas do PT comprovou a ;absoluta unanimidade; do nome de Dilma entre os paulistas, garantiram parlamentares como o vereador José Américo, presidente do diretório municipal do PT. Ele e os presidentes nacional e estadual do partido, respectivamente Ricardo Berzoini e Edinho Silva, estavam entre os primeiros a chegar à residência de Marta, no Jardim Europa, na Zona Sul da capital paulista. Também compareceram nomes como o ex-presidente da Câmara Federal Arlindo Chinaglia, o atual líder da bancada, Cândido Vaccarezza, os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante, e o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, além de prefeitos e parlamentares como os deputados Vicentinho, Antônio Palocci e João Paulo Cunha. Recebida com carinho pela anfitriã Marta, e com orquídeas pelo senador Suplicy, Dilma, atenta às investidas da oposição, que acusa Lula de antecipar a corrida eleitoral, manteve-se discreta e em nenhum momento assumiu diretamente a candidatura, nem ao longo do jantar. Aos jornalistas que esperavam sua chegada, enfatizou: ;Eu não estou candidata e também ainda não sou candidata. Porque para eu ser candidata já teria que ter debatido este tema com o presidente e ainda não o fiz. E teria que ter o apoio do meu partido. As duas coisas não estão dadas ainda.; Em seguida, ela disse que o Brasil está ;maduro para ter uma mulher presidente;, afirmou que ;dar continuidade aos projetos do governo Lula; é sua maior ambição, negou enfrentar resistências internas e considerou a si mesma o que há ;de mais vívido; no PT. Durante o jantar, Dilma fez um rápido discurso no qual destacou conquistas do governo. Às palavras da ministra seguiram-se falas de diferentes petistas defendendo o lançamento do nome dela para a sucessão em 2010. Dilma foi praticamente aclamada como candidata pelos paulistas, mas manteve a discrição, colocando-se ;à disposição do partido;. Com o consenso em torno da ministra, o PT quer agora pavimentar o caminho para a candidatura no estado. O primeiro passo será marcar agendas com a presença de Dilma. ;Nossa ideia é dar mais visibilidade a Dilma e programar agendas relacionadas às ações de governo, ao trabalho da ministra à frente do PAC. A ministra concordou, desde que seja fora dos horários de expediente dela;, disse o vereador José Américo. ANÁLISE DA NOTÍCIA Disputas internas superadas em prol de 2010 O amadurecimento político é um dos fatores que contribui neste momento para que o PT, aos 29 anos, opte por não gastar tempo em disputas internas desnecessárias diante do monumental desafio que será tentar vencer os adversários e o próprio carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter o comando do país no final de 2010. Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, no entanto, os pesos pesados históricos da legenda em São Paulo, estado que detém o registro de nascimento do PT, não estão ratificando o nome de Dilma Rousseff à sucessão presidencial por ser ela a ;eleita; de Lula para a disputa. Além da falta de um sucessor natural, os petistas estão endossando as qualidades políticas e a competência da ministra nascida mineira e com carreira projetada entre os gaúchos. Quem conhece a estrutura interna do PT sabe que, se houvesse outra aposta, mais orgânica e com a mesma musculatura política já desenvolvida pela ministra, a legenda seria capaz de contrariar as preferências de seu maior líder. O fato é que, como diz o vereador José Américo, a ministra tornou-se pouco a pouco unanimidade entre os petistas, porque provou, para eles, ser ;muito competente e muito boa mesmo.; Diante da pedreira esperada para o ano que vem contra os tucanos, seja tendo como adversário o governador paulista, José Serra, ou o mineiro, Aécio Neves, o PT paulista deixa as articulações em torno da sucessão estadual em segundo plano e, ao menos aparentemente, consegue consenso em suas quatro maiores correntes internas em relação à candidatura presidencial. E sai na frente ao começar construindo a unidade partidária em torno de Dilma por São Paulo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação